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Tecnologia de coinoculação combina rendimento com sustentabilidade na produção de soja e do feijão

Produtores brasileiros de soja e de feijão estão ganhando um novo aliado



A nova tecnologia, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Total Biotecnologia,  consiste em combinar uma prática já bem conhecida dos produtores - a inoculação da semente com a bactérias fixadoras de nitrogênio, rizóbios - com a inoculação de Azospirillum, conhecido por sua ação promotora de crescimento de plantas. 
 
Referência mundial na utilização de bactérias para a fixação biológica do nitrogênio, produtores brasileiros de soja e de feijão estão ganhando um novo aliado para o aumento de produtividade e da sustentabilidade de seus sistemas de produção. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está lançando a tecnologia de coinoculação da soja e do feijoeiro, que consiste em combinar uma prática já bem conhecida dos produtores - a inoculação das sementes com bactérias de Bradyrhizobium para a soja, ou Rhizobium para o feijoeiro- com a inoculação com Azospirillum, uma bactéria até então conhecida no Brasil por sua ação promotora de crescimento em gramíneas.  A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a empresa Total Biotecnologia e já tem o primeiro produto registrado no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para essa finalidade, o Azototal Max.
 
“É a primeira vez, em mais de 50 anos, que se recomenda um novo tipo de bactéria para as culturas da soja e do feijoeiro, que não sejam rizóbios. É uma tecnologia em sintonia com a abordagem atual da agricultura, que respeita as demandas de altos rendimentos, mas com sustentabilidade agrícola, econômica, social e ambiental”, comemora a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja. Os estudos conduzidos a campo com o Azototal Max mostram que a coinoculação proporciona vários benefícios, entre eles aumento da área radicular da planta, o que possibilita maior aproveitamento dos fertilizantes e até mesmo favorecer as plantas em situações de estresse hídrico. “A inoculação das sementes com rizóbios é uma prática sustentável que dispensa a adubação nitrogenada na cultura da soja e, total ou parcialmente, também na cultura do feijoeiro. É uma prática que deve ser feita anualmente, para garantir a maximização dos benefícios”. Agora está sendo incorporado um novo microrganismo para complementar esse processo e trazer ainda mais benefícios para o produtor e para o meio ambiente”, explica Marco Nogueira, pesquisador da Embrapa Soja.
 
As pesquisas para desenvolvimento da tecnologia de coinoculação da soja e do feijoeiro iniciaram em 2009 e culminaram com a recomendação da coinoculação como nova tecnologia para os sistemas de produção dessas duas culturas. “É uma tecnologia com excelente custo-benefício para o produtor”, explica César Kersting, da Total Biotecnologia. Nos três primeiros anos foram conduzidos nove experimentos, em Londrina e em Ponta Grossa, PR. Os ensaios seguiram o protocolo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para avaliação de inoculantes e tecnologias de inoculação, necessários para obter o registro de produtos e tecnologias e, também, foram apresentados e aprovados em assembleia geral da RELARE (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola), fórum específico de pesquisadores e indústrias da área de inoculantes.

A principal comparação foi entre dois tratamentos controle, o primeiro sem o uso  de inoculante e o segundo com reinoculação anual com Bradyrhizobium para a soja e Rhizobium para o feijoeiro (práticas recomendada pela Embrapa) e o tratamento de coinoculação  com rizóbios e Azospirillum. Os estudos confirmaram que a reinoculação anual da soja proporciona um incremento médio no rendimento de grãos de 8,4% em relação às áreas que não são inoculadas anualmente. “Esses são resultados adicionais às dezenas de outros ensaios conduzidos pela Embrapa que confirmam a importância da reinoculação anual da soja”, explica Hungria. A surpresa veio do resultado da nova tecnologia: os ensaios de campo mostraram que, com a coinoculação houve um incremento médio de 16,1% no rendimento da soja, em relação às áreas não inoculadas. No caso do feijoeiro, a reinoculação anual resultou em um incremento médio de 8,3%, em relação ao tratamento não inoculado, enquanto que a coinoculação com Azospirillum resultou em um incremento adicional de 14,7%. Ainda com o feijoeiro, em relação ao controle não inoculado, a coinoculação de Rhizobium e Azospirillum resultou em um incremento de 19,6%, em relação às áreas não inoculadas.

A nova tecnologia já está disponível para o produtor e o primeiro produto com registro concedido pelo MAPA  pode ser adquirido na empresa Total Biotecnologia. A novidade será lançada no TecnoShow Comigo, realizado em Rio Verde, GO, de 7 a 11 de abril de 2014. Mais informações técnicas podem ser obtidas no site da Embrapa Soja (www.cnpso.embrapa.br/coinoculacao) e informações comerciais sobre o produto no site da Total Biotecnologia  (http://www.totalbiotecnologia.com.br).

“Sempre é bom lembrar que essa tecnologia está em plena consonância com as metas do governo brasileiro, no Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono). Se apenas a fixação biológica do nitrogênio na soja já é responsável por uma economia estimada em mais de 20 bilhões de reais por ano, que deixam de ser gastos com a compra de fertilizantes nitrogenados, com o lançamento da coinoculação e considerando também a cultura do feijoeiro, esses números serão ainda mais impressionantes”, destaca Mariangela Hungria. ”Os microrganismos de importância agrícola estão trabalhando para a economia e para o meio ambiente no Brasil”, finaliza.
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