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Soja: Custo baixo, terra fértil e boa logística são atrativos

Comparando despesa relativa ao plantio, conta fica cerca de 66% mais barata lá



Comparando despesa relativa ao plantio, conta fica cerca de 66% mais barata lá 

A  competitividade no escoamento da produção chama à atenção dos mato-grossenses para o complexo portuário de Rosário, na Argentina, mas outra conta impressiona ainda mais. Com terras naturalmente férteis, em comparação ao que existe no cerrado brasileiro, os sojicultores argentinos demandam poucos investimentos em pacotes tecnológicos, e por isso, a realidade do custo de produção direto (insumos) chega a ser 66% inferior ao registrado, por exemplo, em Sorriso (503 quilômetros ao médio norte de Cuiabá), município que detém a maior extensão de terra destina à soja no mundo, 600 mil hectares anuais e serve de referência ao segmento local.


Conforme o mais recente estudo sobre custo de produção para soja na temporada 11/12, realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), somente para custear insumos básicos, como sementes, fertilizantes e defensivos, o sojicultor de Sorriso deverá desembolsar cerca de R$ 847,91 por hectare. Convertendo para o dólar – cotação de R$ 1,89, registrada na última quinta-feira – o investimento será US$ 448,62, ante cerca de US$ 270 por hectare, na Argentina, uma diferença de 66%.

Outro diferencial, é que as exportações de soja e mais precisamente de subprodutos, como farelo e óleo, têm como destino, como explica do gerente da Nideira Semilla – a grande sementeira e trading em atuação naquele país – Gabriel Pierre, cerca de 70 países, entre os principais os da Europa e a Índia. “Não dependemos da China”. Como lembra, a lição de não depender da China foi aprendida à duras penas após um embargo à soja argentina. “Eles compravam cerca de 2 milhões de toneladas e atualmente negociam 170 mil. Adaptamos-nos a um mercado pulverizado”, insiste.


Voltando à matemática do campo, o diretor da Safras&Mercados, Raúl Fernando Diaz – que é argentino e faz ponte aérea entre os dois países – frisa que existem inúmeros problemas relativos ao segmento em seu país, como taxações, retenções e políticas pouco ortodoxas voltadas às exportações, mas que na comparação com a realidade brasileira e alguns aspectos da realidade mato-grossense, são superados por outros benefícios diretamente ligados à rentabilidade da produção, “que no final das contas é o que interessa”.

Como frisa, “o maior apelo da Argentina é baixo custo de produção”. Menos entusiasmado, o engenheiro de produção agrícola Ricardo Negri, do Sistema Crea (Consórcio Regional de Experimentação Agrícola), chama atenção para a diferença entre o valor da terra argentina em relação as do Mato Grosso. O arredamento lá pode abocanhar até 30 sacas por hectare, enquanto no Estado, a operação chega a até 13 sacas. “A conta deve considerar o custo da terra e da produção para valer à pena”, destaca.


Diaz destaca que mesmo considerando os fatores “negativos”, como arredamento e as taxações, funcionam como atrativos aos mato-grossenses, por exemplo, a possibilidade de produção em volume e larga escala, o que permite rentabilidade, mão-de-obra barata e mais tecnificada e a ausência de uso intensivo de fertilizantes nas lavouras. “Aliamos a isso, custo baixo para se comercializar e de logística, como também, políticas tributárias que beneficiam quem quer agregar valor à soja, ou seja, ao invés de exportar o grão, exportar farelo e óleo, o que gera imposto e mão-de-obra no país, acredito que haja vantagens por aqui”. (*Marianna Peres viajou a convite da Aprosoja/MT)
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