Resistência da ferrugem provoca retorno de fungicidas protetores
Subiu de duas para três o número de aplicações de produtos contra doença
A resistência da ferrugem asiática aos produtos de controle atuais, observada principalmente nas lavouras do Sul do Brasil, está provocando um retorno aos chamados “fungicidas protetores”, que potencializam a eficiência dos fungicidas. “São moléculas químicas que atuam na germinação [...] Com sua camada protetora, impedem também a penetração de células bacterianas. Deste modo, os agentes fitopatogênicos não penetraram no interior das plantas”, explica Fernando Cezar Juliatti, professor da Universidade Federal de Uberlândia.
Segundo ele, que também é pesquisador do CNPq, “os fungicidas protetores “saíram” das lavouras devido ao marketing da indústria química que, ao buscar cada vez mais as moléculas sistêmicas e específicas e também a redução da dose no campo ou lavoura, foram aos poucos deixando de comercializar e usar estas moléculas, em alguns casos, como os cúpricos ou a base de cobre devido à fitotoxicidade em algumas plantas ou cultivos”. “Houve, ainda, problemas com o uso inadequado, que deixavam resíduos nos produtos de colheita”, apontou Juliatti à Revista Campo & Negócios Grãos.
Agora, o retorno da utilização dos fungicidas protetores começa a se tornar uma tendência, à medida em que aumenta a resistência da ferrugem asiática. Consultor da Tadashi Agro, José Tadashi Yorinori afirma que subiu de duas para três o número de aplicações de produtos contra a doença nas lavouras – o que leva à perda de eficácia dos fungicidas a cada safra.
Fernando Juliatti ressalta que é urgente “restabelecer o equilíbrio com as moléculas protetoras que sejam fungicidas, inseticidas ou herbicidas. Estas moléculas são de amplo espectro, pois apresentam, em muitos casos, mais de 60 mecanismos de ação, reduzindo brutalmente o risco de resistência”.