Regulamentação de drones no País deve ser implantada até dezembro
Especialista ressalta que análise da lavoura pode ser obtida por drones
Durante uma coletiva de imprensa realizada em Brasília, no último dia 11 de setembro, o diretor-presidente do órgão, Marcelo Guaranys, ressaltou que essas aeronaves devem obedecer a uma regulamentação, para que não coloquem em risco a integridade física e até a vida de pessoas em solo. Com as novas regras, a intenção também é favorecer a evolução do segmento no País. As sugestões à Anac podem ser encaminhadas até as 18h do próximo dia 3 de outubro, pelo e-mail [email protected].
Nos últimos anos, os drones – também chamados de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA) – têm se destacado como importantes ferramentas de trabalho, especialmente para a agricultura de precisão. Eles permitem a “análise da saúde da lavoura, por meio de dados gerados por câmeras NIR, que detectam a absorção de clorofila nas plantas, além do levantamento de linhas e falhas de plantio”, cita Giovani Amianti, diretor-presidente da XMobots Aeroespacial e Defesa.
Ele destaca que os vants também ajudam na “detecção de pragas e infestação por ervas daninhas; exposição e estresse hídrico do solo; existência de erosões nas plantações; entre outros problemas que prejudicam as lavouras e que interferem diretamente na perda da produtividade no campo”. “O uso dos vants já está consolidado na agricultura de precisão, em virtude dos inúmeros benefícios que trouxeram e trazem ao setor.”
Segundo o Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), a aplicabilidade das informações coletadas por veículos aéreos não tripulados permite aumentos de 15% a 20% na produção agrícola. Entre as principais vantagens apontadas pelo estudo, está uma maior e mais rápida detecção de áreas improdutivas, o que facilita a adoção de estratégias de intervenção mais eficazes, otimizando o uso de insumos, por meio de ações pontuais de recuperação das lavouras.
CLASSES DOS DRONES
Para controlar a atividade no Brasil, de acordo com algumas regras já apresentadas pela Anac, no último dia 11 de setembro, os drones estão divididos por classes. Para os equipamentos das classes 1 e 2, será exigido que os pilotos sejam maiores de 18 anos, tenham licença e habilitação para pilotar e apresentem o registro de todos os voos. Também deverá ter certificado médico aeronáutico.
Para operar equipamentos da classe 3, não serão exigidos o registro dos voos e o certificado médico aeronáutico. Continua valendo a idade mínima – 18 anos. Já a licença e a habilitação serão obrigatórias somente para o usuário que pretende operar acima de 400 pés (120 metros).
Diferentemente da utilização comercial, o uso recreativo de drones não terá idade mínima nem será exigida licença ou habilitação, desde que o operador do aparelho não permita que o voo ultrapasse a marca dos 120 metros.
AS REGRAS
Diretor-presidente da XMobots Aeroespacial e Defesa, Giovani Amianti esclarece que, embora o uso de drones ainda não tenha uma regulamentação oficial, é incorreto dizer que não há regras no Brasil.
“Atualmente, as empresas brasileiras que fabricam vants devem obedecer à Instrução Suplementar nº 21-002A, expedida pela Anac em outubro de 2012. A norma determina que apenas os veículos aéreos não tripulados que tiverem o CAVE (Certificado de Autorização de Voo Experimental) estão autorizados a voar nas áreas rurais do Brasil”, informa. “Voos em cidades ainda não estão autorizados pela Agência e a captação de imagens feitas por avião não tripulado nesta área é ilegal”, alerta.
Ele acredita que as exigências do órgão são positivas e pertinentes para que as empresas desenvolvam equipamentos cada vez mais confiáveis. “O Certificado traz mais segurança para o setor e acaba funcionando como um selo de confiabilidade para os vants, pois a Anac não emite autorizações de voo para equipamentos que não sejam de alta qualidade”, destaca o diretor-presidente da XMobots.
CUSTOS
Na empresa, atualmente, 75% dos drones comercializados são destinados à agricultura de precisão, com ênfase nas culturas de cana-de-açúcar, laranja e soja. Hoje, o veículo aéreo não tripulado mais barato da XMobots custa R$ 138.800. Como a produção é nacional, os agricultores podem financiar a compra de um equipamento do gênero por meio do Finame (Financiamento de máquinas e equipamentos) e Cartão BNDES (do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Nos últimos anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem pesquisando e testando drones, além de softwares de análise de dados e imagens gerados pelos robôs. Os vants testados pelo órgão custam entre R$ 5 mil e R$ 300 mil, dependendo do material e finalidade, mas os programas de análise podem ser baixados gratuitamente no site da instituição.
“Se você comparar com o custo de outros métodos de fotografias aéreas, como os satélites e a própria fotogrametria tradicional com aviões tripulados, verá que os vants têm o melhor custo-benefício”, defende Amianti.
1º DRONESHOW LATIN AMERICAN
Para debater o uso e os benefícios dos veículos aéreos não tripulados, o Brasil sediará o 1º DroneShow Latin America, que será realizado nos dias 28 e 29 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.
Trata-se de um evento com feira, seminários e cursos, reunindo no País, pela primeira vez, especialistas, fabricantes, importadores, prestadores de serviços e usuários de drones (multirrotores e asas fixas). Será totalmente voltado para usos profissionais desta tecnologia. Mais informações, acesse o site www.droneshowla.com.