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Recuo do dólar paralisa vendas de soja no país

O indicador da soja Esalq/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade pronta entrega no porto de Paranaguá (PR), recuou 1 por cento entre 9 e 16 de fevereiro, a 74,01 por saca na quinta-feira



O dólar, que caminha para fechar a nona semana consecutiva de queda, provoca uma virtual paralisação dos negócios com soja no país, apesar da enxurrada de grãos que chega ao mercado devido à colheita em diversas regiões do Brasil, que deverá colher uma safra recorde acima de 100 milhões de toneladas. Com oscilações pouco relevantes nas cotações internacionais do grão, produtores observam a oscilação cambial para avaliar o fechamento de novos negócios.

"As tradings querem comprar, porém preços não atraem os vendedores", disse o assessor comercial Samir Rosa, que atua junto a produtores rurais da região de Rondópolis (MT). Segundo ele, as ofertas atualmente giram em torno de 64,50 reais por saca, enquanto produtores pedem pelo menos 1,50 real a mais.

Levantamento da consultoria AgRural estima que a comercialização da safra brasileira, até o fim de janeiro, tenha alcançado 41 por cento do total esperado, avanço de apenas 4 pontos percentuais ante dezembro, e bem atrás de janeiro de 2016 (50 por cento) e da média de cinco anos (49 por cento). Apesar de o levantamento de fevereiro ainda não estar concluído, dados preliminares mostram que a estagnação no mercado permanece em fevereiro, segundo a AgRural.

Ao mesmo tempo, a colheita tem avançado em bom ritmo no país, especialmente em Mato Grosso. No maior Estado produtor brasileiro, apesar de dificuldades com a chuva, o ritmo dos trabalhos é bastante avançado historicamente. "Seria (um momento de pressão de venda, devido à grande oferta), se os preços estivessem ajudando. Mas o produtor olha para trás, para os preços que fechou antes, e não se anima a vender agora", disse a analista da AgRural Daniele Siqueira.

A consultoria Safras & Mercado lembrou, em relatório, que "o mercado futuro em Chicago teve uma semana de altos e baixos, mas no balanço da semana predominou a queda", o que contribuiu para a retração dos agricultores. O indicador da soja Esalq/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade pronta entrega no porto de Paranaguá (PR), recuou 1 por cento entre 9 e 16 de fevereiro, a 74,01 por saca na quinta-feira.

O Cepea, centro de pesquisa responsável pelo indicador, destacou em relatório, também nesta sexta, que as chuvas dos últimos dias no Centro-Oeste também ajudaram a reduzir o ritmo de negócios. "As precipitações fizeram com que vendedores se retraíssem do mercado, temendo quedas na produtividade. Nestes últimos dias, no entanto, o volume de precipitação se reduziu e, por enquanto, o rendimento tem sido satisfatório", disse o Cepea, referindo-se ao receio de muitos agricultores de acabar colhendo menos que o esperado.

Apesar de uma leve alta nesta sexta-feira, o dólar caminhava para encerrar a semana com nova perda acumulada. Na quinta-feira, a moeda norte-americana chegou a tocar 3,03 reais, menor valor desde junho de 2015. Operadores disseram que a trajetória do dólar ainda é de baixa no mercado local, sustentada principalmente pela expectativa de ingresso de recursos, sobretudo diante das recentes captações feitas por empresas no exterior. O mercado também estava otimista com a perspectiva de aprovação de reformas no Congresso Nacional, como a Previdência, necessária à recuperação das contas públicas.

"Resta saber até onde irá a resistência deles (agricultores). Se os preços da soja caírem com mais força nas próximas semanas, parte dos produtores pode ficar assustada, com medo de quedas ainda maiores mais adiante. Mas acredito que os mais capitalizados vão esperar mais um pouco", projetou Daniele Siqueira.

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