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Produtores propõem pesquisa aprofundada sobre uso de defensivos agrícolas

Sugestão foi feita pelo agrônomo e pesquisador do assunto há mais de 40 anos, Francisco Graziano



O setor produtivo agropecuário de Mato Grosso espera que o Estado, por intermédio da Assembleia Legislativa, possa promover um estudo científico sobre o uso de agrotóxico nas lavouras locais a fim de descobrir se há contaminação nos mananciais aquíferos das regiões produtoras. A sugestão foi feita pelo agrônomo e pesquisador do assunto há mais de 40 anos, Francisco Graziano. Ele veio de São Paulo para participar, nesta segunda-feira (21/09), de uma audiência pública promovida pelo Parlamento para debater o tema e destacou a necessidade de pesquisas sérias, com a integração de todos os setores envolvidos.

“Não vou falar sobre a questão ideológica por trás desse assunto, porque ela é notória. Eu estou convencido de que só há um jeito de passar isso a limpo, que é o governo de Mato Grosso contratar uma pesquisa isenta, colocar a Universidade Federal, a Aprosoja, a Federação da Agricultura, formar um grupo de técnicos ligados a essas instituições, contratar um núcleo de pesquisadores, fazer um estudo e apresentar os dados aqui na Assembleia Legislativa. É preciso estudar profundamente e se basear em informações precisas, que não podem ser de uma pessoa só. O governo de Mato Grosso pode contratar essa pesquisa”, sugeriu o palestrante, um dos primeiros a publicar livro sobre o uso de produtos químicos nas lavouras brasileiras.

Graziano explicou que as características tropicais do solo e do clima mato-grossenses impedem que a agricultura seja feita sem o uso de defensivos, justamente por conta da capacidade de proliferação das pragas e doenças que atingem a produção. Mas enfatizou que o emprego de tecnologia tem minimizado o uso e os danos ao ambiente.

“O volume que se usava antes por hectare cultivado era muito maior. Na década de 70, nós utilizávamos dois quilos de produto ativo por hectare cultivado. Hoje, se utiliza 200 gramas, a média. Então, a minha visão como estudioso desse processo é que as coisas não pioraram. Mas eu também não quero comer veneno. A tese de não envenenamento é defendida por todos, só temos que ver como caminhamos nesse sentido”.

O presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, representante dos produtores rurais de Mato Grosso, reiterou a necessidade de pesquisar com maior profundidade e existência de contaminação, enfatizando que é interesse do setor utilizar cada vez menos defensivos agrícolas.

“Queremos uma outra tecnologia em que vamos utilizar menos recursos econômicos e agrotóxicos. Mas, infelizmente, ela ainda não está pronta. Pedimos para que o Estado faça pesquisas relativas a esse assunto, porque vocês podem ter certeza de que ninguém quer comer veneno. Agora, nós precisamos produzir alimentos. De que forma vamos produzir? Estamos vendo aqui pessoas que querem isso. Queremos dominar essa equação que leve à produção sem a utilização de produtos”, ponderou Prado.

Análises do Ministério da Agricultura, conforme apresentou Graziano, através do Plano Nacional de Controle de Resíduos Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal, demonstram que as lavouras de soja, alho, amendoim, banana, batata, café, cebola, feijão e trigo estão em conformidade em 100% com uso de agrotóxicos. O dado é de junho de 2015. “Reitero que fazemos uma agricultura sustentável aqui em Mato Grosso, do ponto de vista econômico, social e ambiental. Respeitamos a legislação, que é rígida, que faz os estudos que têm que ser feitos, e nós realizamos assim, ninguém quer nada diferente”, pontuou o presidente do Sistema.

Prado destacou também a devida importância dada pelo setor no armazenamento e correto descarte das embalagens dos produtos químicos utilizados na agropecuária o Estado. Segundo ele, 99% das embalagens são descartadas corretamente. Além disso, salientou a capacitação realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) específica para quem utiliza os produtos. “Com relação à orientação, quero relatar que nós, através do Senar, conseguimos, só no ano passado, qualificar 7.066 pessoas aqui no Estado quanto ao manuseio desses produtos. Este ano, já qualificamos 5.160 pessoas para o trato, o manuseio desses agrotóxicos”.

Para finalizar, o presidente destacou a importância do debate. “O Estado de Mato Grosso está fazendo o seu papel no momento em que chama as instituições, a sociedade civil organizada para discutir um problema desta envergadura. Fico muito feliz com essa faixa que diz não queremos comer veneno. Esse é um ponto em comum entre produtores rurais, entre outras instituições e toda a sociedade mato-grossense”.

MT Agora - Assessoria
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