MAPA e pecuaristas unem esforços para tornar o Brasil livre da aftosa
Suspensão da vacina não é consenso entre os bovinocultores
A erradicação da febre aftosa traz boas perspectivas para a cadeia produtiva da carne bovina, como a abertura de novos mercados e o incremento na produção e na rentabilidade. Por esse motivo, o controle e a possível eliminação da doença são preocupações constantes no Brasil.
No Dia da Pecuária, comemorado em 14 de outubro, o Agrolink promove um debate com entidades representantes do setor acerca das políticas públicas de controle e erradicação desta doença, que representa uma grande ameaça à saúde dos rebanhos e também do ser humano.
A meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é tornar o país livre da doença com vacinação já em 2011. A longo prazo, porém sem data pré-estabelecida, a intenção é transformar o Brasil em Zona Livre de Aftosa sem vacinação.
A suspensão da vacinação, entretanto, é uma medida polêmica e provoca divergências entre os pecuaristas. “A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) é enfaticamente contra a retirada da vacinação neste momento, justamente por perceber que o sistema de vigilância não é totalmente seguro como gostaríamos”, afirma Eduardo Biagi, presidente da entidade. “Embora a atividade viral seja baixa, isso se deve ao fato do pecuarista estar efetivamente vacinando o rebanho”, acrescenta. Já para José Antonio Fontes, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte (ANPBC), a suspensão da vacinação deve ser realizada simultaneamente em todas as regiões do Brasil e em conjunto com os países limítrofes. “Somos contrários a suspensão da vacina contra febre aftosa por estado ou por uma região”, conclui Fontes.
Entretanto, a suspensão da vacina reduz a proteção do rebanho, deixando-o mais suscetível. Nesse caso, em uma possível reincidência da aftosa, sua difusão seria muito mais rápida. “Cria-se então um problema maior, não só pela perda de mercados para onde nossa carne é exportada como também uma perda para os criadores, como aconteceu no Uruguai há alguns anos”, alerta Biagi. Para Fontes, “a organização e integração entre os bovinocultores e governo de forma organizada e sem interesses políticos eleitoreiros e/ou partidários será uma proteção contra estes riscos”.
Atualmente, campanhas de vacinação atingem todos os estados brasileiros, com exceção de Santa Catarina, que foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), como livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007. Ao todo, 14 estados e o Distrito Federal são livres da doença com vacinação: Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins. O centro-sul do Pará (46 municípios) e as cidades de Boca do Acre e Guajará (Amazonas) apresentam a mesma classificação. Os demais estados da região Nordeste e o nordeste do Pará são considerados como médio risco para a doença; Roraima e noroeste do Pará, como alto risco, e Amazonas e Amapá, risco desconhecido.
Para os dirigentes da ABCZ e da ANPBC, a política brasileira de controle da doença é eficiente, já que a atividade viral no país tem sido baixa. Mas ainda é preciso avançar na questão da vigilância. Na opinião de Eduardo Biagi, seria preciso, ainda, informatizar o processo e interligar o sistema nacionalmente. “Precisamos também desenvolver um programa de vigilância nas fronteiras ou ações via Itamaraty visando ampliar o programa de controle brasileiro para países como Bolívia e Paraguai principalmente; este é um esforço desenvolvido pelo GIEFA (Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa) e apoiado pela ABCZ”, acrescenta o presidente da ABCZ. José Antonio Fontes acredita que é preciso informar o público sobre a importância da imunização contra a febre aftosa e a ausência de risco ao consumidor de carne vacinada.
Para um estado receber o status de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento avalia se o local alcançou percentual superior a 90% nas duas últimas campanhas de vacinação, o serviço veterinário estadual e o trânsito de animais de estados e países vizinhos.
Neste dia 14 de outubro, o Agrolink parabeniza todos aqueles que contribuem para o desenvolvimento da pecuária brasileira.
Veja as mensagens dos presidentes da ABCZ e da ANPBC para os pecuaristas:
Prezados companheiros,
A pecuária vem se destacando há alguns anos como uma das principais atividades econômicas de nosso país, sendo responsável por uma parte expressiva do Produto Interno Bruto do Brasil. Diariamente, nós pecuaristas, atendemos com presteza a demanda nacional e internacional por carne e leite de qualidade, bem como a demanda por outros subprodutos importantes, como o couro. É essa imensa contribuição ao país e ao mundo que precisamos exaltar todos dias e, principalmente, no Dia da Pecuária. Todo este retorno positivo alcançado pela atividade somente é possível graças ao trabalho árduo de milhões de produtores rurais, bem como de todas as pessoas que trabalham em prol do agronegócio brasileiro. Sabemos que temos pela frente inúmeros desafios a serem vencidos, entre eles, a melhoria de nosso status sanitário, sobretudo, em relação à febre aftosa. Mas temos consciência de que somos uma classe honesta, trabalhadora e coesa em um ideal: contribuir com o avanço nacional. Nós da ABCZ, temos a certeza que se continuarmos trilhando o caminho da tecnologia, buscando alcançar o mais alto padrão de qualidade em nossos produtos e serviços, teremos pela frente um futuro excepcional. Continuemos avançando! Um abraço a todos.
Eduardo Biagi - Presidente da ABCZ
A carne é um alimento indispensável ao ser humano. Assim, a ANPBC deseja que os bovinocultores de corte procurem controlar a evolução do rebanho de forma a equilibrar a oferta, produzindo carne com elevado padrão de sanidade, qualidade e padronização. Desejamos continuar oferecendo aos consumidores em geral produtos em condições acessíveis, de forma constante e obtendo renda para continuar a investir na atividade e competindo cada vez mais no mercado internacional. Por meio de uma gestão cada vez mais profissional, atualizada e organizada em suas entidades de defesa, queremos diminuir os riscos e as barreiras contra nossa atividade, perenizando-a e fazendo com que nossos sucessores continuem gerando emprego e riqueza, contribuindo de forma significativa para o fortalecimento de nosso país.
José Antonio Fontes – Presidente da ANPBC