Jovem do meio rural encontra na internet caminho para o sucesso

A produção de leite foi só o começo para o jovem Vanderlei Holz Lermen, de Boa Vista do Buricá, Rio Grande do Sul. Ele, que é apaixonado pelo campo, quis ir mais longe e encontrou na internet o caminho para se capacitar, comercializar a produção da sua fazenda e divulgar seu trabalho como técnico agropecuário. Mas sua trajetória de sucesso não parou por aí, ele investiu em cursos, alguns deles pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), e hoje busca ajudar os jovens da sua comunidade a entenderem o potencial do meio rural e a buscarem oportunidades no setor.

“A atividade de maior renda da propriedade é o leite, mas há também a produção de hortaliças e morangos orgânicos”, explica o agricultor. Ele conta que conheceu o SENAR pouco depois de iniciar o negócio na pecuária de leite e viu nas capacitações da entidade uma forma de aprimorar os conhecimentos. Ele fez cinco capacitações a distância e três presenciais, entre 2010 e 2015. “Fiz vários cursos do SENAR, pela internet e depois alguns presenciais também. O melhor foi o Leitec. Sou técnico em agropecuária e o Leitec foi ótimo pra aprofundar os conhecimentos.” O Leitec é um programa do SENAR Rio Grande do Sul destinado à capacitação de produtores rurais com foco em conhecimentos gerenciais e técnicas de produção.        

E como essa produção é comercializada? Vanderlei explica que aproveitou as facilidades das mídias digitais para fazer esse trabalho. “O leite é comercializado para uma empresa, mas as verduras e morangos são diretamente com o consumidor. Para a venda, possuo um site com loja online, aplicativo de celular e através dos grupos de clientes no WhatsApp. Tudo por encomenda, não saio vendendo de porta em porta, apenas faço a entrega das encomendas”, conta. 

“A internet pra mim foi muito importante, pois me proporcionou estudar quando fiz minha primeira faculdade. Também para fazer pesquisas e cursos online. Hoje, a internet é minha vitrine, todas as minhas vendas faço pela internet, tenho contato com técnicos e produtores de todos os lugares. Através dá internet eu mostro as oportunidades que tem no campo e como é a vida aqui. Muita gente dá cidade não tem noção como é a vida no campo, e por isso acompanham o meu dia a dia.”

A família dele também é produtora rural, mas o sistema de trabalho é diferenciado, revela. “Eu moro com meus pais, mas cada um tem a sua propriedade, uma em frente à outra. O trabalho na minha propriedade é realizado apenas por mim e o trabalho na propriedade deles, por eles. Nos ajudamos quando é preciso, em épocas de plantio ou colheita, mas no dia a dia cada um trabalha na sua.”
Além de agricultor, Vanderlei é radialista e também palestrante. Suas palestras são realizadas principalmente em escolas e o tema é um projeto que ele desenvolve com a juventude rural da região onde vive. “O Perspectivas da Juventude Rural é uma pesquisa que faço por conta própria com o objetivo de analisar o que os jovens pensam sobre o meio rural. Tanto os que moram no interior como os que moram na cidade. A ideia principal é saber qual a porcentagem de jovens que querem ficar no meio rural e sair, os fatores de decisão e porque isso acontece”, revela. Segundo ele, a pesquisa é realizada com estudantes do Ensino Médio, a maioria entre 14 e 17 anos. “Escolhi essa faixa etária porque os jovens já possuem mais estudo e estão no momento de decisão de futuro, de carreira. Esse é o momento ideal para que possam expor suas ideias sobre o meio rural.”
       
Sobre a vida no campo, Vanderlei diz que para ele, o campo é uma opção de negócio e de vida, e deixa um recado para os jovens que querem investir no setor agropecuário. “Busquem conhecimento, teórico e prático. Façam cursos, participem de dias de campo, conheçam experiências de outras propriedades e de outros jovens. Essas experiências abrem a nossa mente e nos fazem ver a nossa propriedade de outro ângulo e nos despertam para o empreendedorismo.”