Helicoverpa armigera: Governo falhou em auxiliar o produtor
A afirmação é da Doutora em entomologia Cecilia Czepak
“Não podemos esquecer de responsabilizar os órgãos governamentais ligados ao setor agrícola, pois não estabeleceram normas para o uso correto da tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis). Principalmente com relação à obrigatoriedade na manutenção de refúgios, com fiscalização e multas”. A afirmação é da Doutora em entomologia Cecilia Czepak.
Ela falou com exclusividade ao Portal Agrolink nessa série de reportagens que marca os três anos do surgimento do primeiro surto de Helicoverpa armigera no Brasil. Veja abaixo as outras matérias.
“Isso me incomoda muito, pois se existem normas para o uso de agroquímicos no Brasil, porque não há para os transgênicos, como as cultivares Bts? A impressão que se tem é de que a manutenção desta tecnologia seria de responsabilidade única das empresas que a produzem!”, reclama a especialista.
Cecilia lembra que “foi tanta dificuldade para liberação da primeira cultura transgênica no País que, quando aconteceu, esqueceram de auxiliar o produtor para o ‘melhor uso’! Lembrem-se que uma das táticas do manejo de pragas se chama ‘legislativa’… Esta, às vezes, esquecida por muitos. Enfim, até na agricultura a reforma legislativa é urgente e necessária”.
Ela lembra que a evento Bt já está em uso em outras culturas há, pelo menos, dez anos (como no caso do milho e mais recente do algodão). “Esta tecnologia tenderá a falhar se não houver um manejo adequado. Uma das melhores formas de preservar seria a manutenção da velha e conhecida ‘área de refúgio’, que insistimos em não adotar [e assim] estaremos fadados a perder esta batalha para as lagartas na soja, como estamos perdendo no milho e no algodão”, conclui.
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