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Fungo pode contaminar e controlar humanos?

Tudo pode mudar com as alterações climáticas observadas no mundo


Foto: Erich G. Vallery, USDA

A contaminação pelo fungo Sporothrix brasiliensis – descoberto no Brasil – começou a chamar a atenção no Rio de Janeiro, onde foram registrados os primeiros casos de infecção a partir da transmissão via gatos de rua. Em tempos de sucesso da série The Last of Us (HBO), a pergunta veio quase inevitável: Será que os fungos podem mesmo contaminar, e até mesmo controlar, um ser humano?

A verdade é que muita gente foi apresentada ao mundo dos fungos a partir desta série norte-americana de ficção científica, que é baseada em um videogame desenvolvido pela Naughty Dog, Sony e PlayStation Studios. O cenário é um futuro pós-apolítico onde a humanidade foi assolada por um fungo que invade e controla o sistema neurológico, resultando em mutações no corpo e transformando as pessoas em zumbis.

Na série The Last of Us, o fungo em questão é dos gêneros Cordyceps e Ophiocordyceps, que realmente existem e invadem o organismo de insetos. Esses microrganismos são capazes de controlar o sistema nervoso e se espalhar com facilidade pelos corpos dos hospedeiros, que em sua maioria são formigas, causando inclusive deformações anômalas.

E AGORA?

Mas não há motivo para alarme, uma vez que esses patógenos não conseguem colonizar seres humanos (pelo menos por enquanto). Isso ocorre porque nossa temperatura corporal média varia em torno dos 37 graus, o que impede a sobrevivência dos fungos – que em sua grande maioria se desenvolvem bem nos 30 graus.

Agora vem a má notícia: Tudo isso pode mudar com as alterações climáticas observadas no mundo. Se a temperatura média do planeta continuar aumentando, isso vai selecionar uma população de fungos resistentes a altas temperaturas – e que se tornarão ainda mais fortes por terem menos competição e mais hospedeiros à disposição.

Esse é um problema que já existe na agricultura. Os fungos estão tornando-se resistentes aos fungicidas e aos ingredientes ativos utilizados atualmente pelos produtores rurais para controlar doenças. Prova disso é a disparada dos casos de ferrugem asiática na soja (mais de 200% nessa temporada), que é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Além disso, o desenvolvimento de novas moléculas de controle de patógenos é um processo lento, extremamente controlado e burocrático, que pode demorar por décadas.

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