Fortalecimento da economia no bloco sul-americano depende de acordos multilaterais
Debate aconteceu durante o 3º Fórum de Agricultura da América do Sul, em Curitiba (PR)
Acordos comerciais multilaterais têm impacto concreto e contribuem para o desenvolvimento da economia de seus signatários. O Tratado de Livre Comércio Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), assinado em outubro após longos anos de negociações, busca eliminar todas as barreiras tarifárias e não tarifárias de exportação entre seus membros. A dinâmica das negociações internacionais entre governos com o apoio da iniciativa privada, pautou o último dia do 3º Fórum de Agricultura da América do Sul em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer (MON).
O TPP foi assinado por 12 países que controlam 40% da economia mundial, 40% dos investimentos e 25% do comércio internacional. Na América do Sul, apenas Chile e Peru compõem o acordo. Segundo a adida agrícola do Chile no Brasil, Maria José Campos Herrera, a adesão ao tratado só foi possível porque o grupo de negociações conseguiu ouvir as reivindicações do governo, da iniciativa privada e das organizações civis. “E trabalhávamos sempre com informações atualizadas, para conseguirmos identificar onde estavam as áreas sensíveis e os pontos de interesse.”
O sócio do escritório de advocacia Porter Wright Morris & Arthur dos Estados Unidos, Leslie Glick, também participou da conferência “Negociações internacionais sob a perspectiva do comércio agrícola”, que foi moderada pelo consultor da Legex, Fabio Carneiro Cunha.
Os entraves internos e custos que diminuem a competitividade do bloco em relação a outros continentes também foram destrinchados durante o Outlook Forum. Na sexta-feira (13), o déficit energético enfrentado por países como o Brasil foi tema da conferência “O custo e a economia da energia renovável”, que contou com a presença de Julio Minelli, diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO), Maurício Pellegrino, diretor da EnergiCiti, Ricardo Blady, vice-presidente da Nexsteppe na América do Sul.
Segundo os especialistas, as alternativas ao impacto do aumento da tarifa elétrica no agronegócio estão nas próprias propriedades, como as gorduras animais e os óleos recuperados, e atividades do setor. “Muito daquilo que não se presta atenção dentro na propriedade pode ser insumo para se resolver o problema de um outro insumo – energia elétrica – de modo a transformar esse repentino momento de custos em oportunidade”, afirma Maurício Pellegrino.
Encerramento
A conferência de encerramento “A responsabilidade e os desafios da América do Sul rural” apontou a necessidade de se derrubar fronteiras entre a cidade e o campo. De acordo com a representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura do Chile (IICA) e secretária técnica do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), Maria Alejandra Sarquis, o público urbano precisa ser comunicado sobre os benefícios gerados pelo agronegócio. Em sua opinião, tem muita coisa no dia a dia das pessoas que vem da agricultura que ainda é desconhecido.
O diretor do departamento de economia agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Wilson Vaz de Araújo, salientou a importância de se aumentar o subsídio à atividade agrícola para o crescimento da competitividade no agronegócio mundial.