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Especialista aponta "neblina fatal" contra Helicoverpa armigera

"É fundamental conhecer o tipo de pulverização mais eficiente"





“De nada adianta aplicar produtos eficientes, na época certa”, se o “tipo de neblina (pulverização) deposita apenas 2 a 6 % da quantidade de princípio ativo nos alvos, que são as lagartas ou os locais onde elas se movimentam”. É o que sustenta Marcos Vilela de Magalhães Monteiro, doutor em Agronomia e diretor do Centro Brasileiro de Bioaeronautica (CBB), em Sorocaba (SP).


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O especialista explica que, “uma vez conhecidos os aspectos biológicos e epidemiológicos das pragas agrícolas e a eficiência biológica das moléculas usadas para seu controle (produtos) é fundamental conhecer o tipo de pulverização mais eficiente (neblina) para levar o produto para a praga e para o ecosistema habitado por elas”.
 
Vilela relembra que “as neblinas fatais para o controle de lagartas foram descobertas na década de 1960, com o  método de medição do tamanho das gotas de uma pulverização e sua localização em superfícies naturais [...] Um dos trabalhos mais importantes foi realizado pelo Dr. Chester Himel e sua equipe na Universidade da Georgia, USA, em 1965. Pesquisaram os tamanhos das gotas nas diferentes localizações e os depósitos de produtos nas lagartas, botões florais, brácteas e terminais das folhas dos ponteiros do algodão. Esse é o microambiente onde são depositados os ovos, nascem as lagartas e passam a parte mais prejudicial do seu ciclo, causando em poucos dias mais de 50% dos danos totais”.

“A unidade de medida dos diâmetros das gotas é o micrometro [µm] que é a milésima parte do milímetro. Nas brácteas, em 691 gotas medidas, 607  (88%) tinham 21 µm de diâmetro e a maior gota tinha 43 µm. Nos botões florais dentro dessas brácteas foram encontradas 63 gotas com 21 µm de diâmetro. Esses dados mostram que esse ambiente protege muito bem o bicudo e as lagartas das maçãs porque apenas gotas muito finas  são capazes de penetrar nele. Após um tratamento,  7 bicudos e 10 lagartas mortos  foram coletados e analisados. Todos os insetos tinham entre 1 e 4 gotas de 21 µm e um dos bicudos tinha 19 gotas de 21 µm”, explica.


O doutor em Agronomia informa como deve ser a “neblina fatal”: “Essas informações levaram o Dr, Himel a concluir que a ‘Gota de Maior Eficiência Biológica’ para o controle dessas pragas do algodoeiro é a gota com diâmetro próximo de 20 µm. Em 1975 em trabalho conjunto com o Dr. Solang Uk do Instituto de Tecnologia de Cranfield na Inglaterra que realizou pesquisa semelhante no Sudão, esse conceito foi revisto. Ficou definido que para a cultura do algodão as gotas mais eficientes têm diâmetro ao redor de 50 µm com variação de 18 µm para mais e para menos. 78% das gotas encontradas nas lagartas, em todos os trabalhos científicos realizados, tinham diâmetro inferior a 30 µm”.

“Para medir essas gotas muito finas a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu  tecnologia baseada em um coletor rotativo que capta as gotas no ar com rotação adequada para não provocar turbulência. São capturadas  em laminas de vidro muito estreitas, untadas com Oxido de Magnésio e lidas com Microscópio reticulado. Tendo construído um desses sistemas de coleta rotativa para apoio a trabalho de controle do mosquito vetor da dengue, resolvemos adequar o sistema da OMS para coleta de neblinas de gota muito finas com o uso de cartões hidrosensíveis”, explica Vilela.

“Os resultados foram muito bons com coletas de gotas abaixo de 20 µm e densidades de gotas entre 400 e 1.600 gotas por cm2 por minuto de coleta . Criamos o  Kit de Medição de Gotas Finas  Kit-MGF já lançado no mercado. Essa é uma técnica avançada, prática e de baixo custo para capturar e avaliar se a neblina tem as características necessárias para o controle químico de pragas, doenças ou ervas daninhas. Se a neblina não for adequada, nova calibração deve ser feita no avião ou trator e a neblina reavaliada até que se obtenha uma de maior eficiência para o alvo a ser atingido”, conclui.
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