Crise do milho no Brasil mantém preços do trigo em alta
Produtores de frangos e suínos devem recorrer ao cereal de inverno
De acordo com avaliação da Consultoria Trigo & Farinhas, a crise do milho no Brasil vai manter os preços do trigo em alta. Fortalecendo essa projeção, o analista Marcos Rubin, da Consultoria Agroconsult, declarou na semana passada que o problema com o cereal deve perdurar até 2017.
Falando em conferência a produtores do Mato Grosso, Rubin apontou que “a crise de oferta de milho no Brasil vai precisar de mais do que uma boa colheita para ser resolvida, com uma demanda de exportação e com um mercado interno que superam a disponibilidade do cereal da safra 2015/16 e que reduzem os estoques, diante das perdas ocasionadas pela seca em vários estados produtores, como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná”.
Rubin acrescentou que os problemas dos altos preços do milho para os produtores de frangos e suínos, que usam o cereal como matéria prima para seu trabalho, devem se prolongar até o segundo semestre de 2017, apesar das importações recordes previstas para este ano.
Segundo a T&F, “Estas declarações devem soar como música para os ouvidos dos triticultores brasileiros, porque são justamente as fábricas de rações que estão dando impulso aos preços do trigo no país, pagando inclusive acima dos preços pagos pelos moinhos. Mas, o motivo maior desta satisfação é uma espécie de garantia para o triticultor: mesmo que o clima estrague todo o trigo que for plantado, existe uma chance considerável de que os preços pagos pelo trigo forrageiro se mantenham elevados (ao redor de R$ 36,00/saca pelo menos, como calculamos na semana passada), o que é mais do que hoje se está pagando pelo trigo para moagem ao triticultor do Rio Grande do Sul (R$ 35,16/saca)”.
Se as previsões da Emater-RS estiverem corretas e o Rio Grande do Sul colher apenas 1,7 milhão de toneladas, não haverá disponibilidade nem para a exportação nem para as fábricas de ração do estado. “Isto deverá manter a disputa pelo trigo e, consequentemente, será mais um fator de alta dos preços no estado ou, na pior das hipóteses, não haverá disputa e os triticultores ficarão inteiramente nas mãos dos moinhos, com preços em queda. A escolher”, conclui o analista sênior da Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.