Arroz: Crise mundial pode ser pior que a de 2007/08
Alerta é do rizicultor e economista Gilberto Pilecco
“Avalio que o mercado mundial do arroz está exposto a uma grande crise no desabastecimento, que pelas circunstâncias atuais, deixará a crise de 2007 e 2008 'uma marolinha'”. A afirmação é do rizicultor e economista Gilberto Pilecco, que aponta diversos fatores para essa projeção pessimista.
Ele destaca os estragos que serão produzidos pelo fênomeno climático “El Niño”, que segundo a NOAA (National Oceanicand Atmospheric Administration - EUA) pode ser “maior que o de 1997 e está se intensificando desde junho de 2014 – período anual de início das chuvas de monções na Ásia”.
“Os países que são os maiores players exportadores não poderão repetir o erro de 2007, quando trancaram suas exportações por segurança alimentar interna. Essa medida poderá ser tomada pela Índia”, analisa Pilecco.
O especialista lembra ainda que “os estoques mundiais previstos para 2016 são em torno de 90 milhões de toneladas, segundo consta no relatório de 12 de agosto de 2015 da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês)”. Mas lembra que “poderá ser alterado, nesse período de junho a novembro, dependendo da intensificação maior ou menor das chuvas de monções em grande parte do sul e sudeste da Ásia”.
“A gravidade da situação é que 50% desses estoques estão na China. Precisamos expurgá-los, porque não estarão disponíveis para o mercado internacional. Somente 45 milhões de toneladas estarão disponíveis para as necessidades dos países importadores, que para 2016 será de 42 milhões de toneladas (segundo a USDA). Essa conta por si praticamente zera os estoques”, explica.
“Se a Índia estiver sobre pressão de risco, não disponibilizará os 28 milhões de toneladas. Com isto, serão deficitários os estoques e os países importadores entrarão em pânico – posição de grande risco para a Segurança Alimentar. É precavido lembrar que a Índia é o segundo maior produtor e consumidor, fato óbvio da necessidade de terem estoques de segurança mantidos pelo governo”, acrescenta.
Pilecco conclui que os produtores devem ficar alertas: “A crise mundial do arroz está desenhada. Não será surpresa se os preços passarem do patamar dos US$ 15,00 por saca. Cabe destacar que quando os fatos são verbalizados com antecipação, eles podem não acontecer na mesma ordem ou proporção, mas ainda assim, deixar de externar esse possível cenário é furtar-se dos prováveis acontecimentos e de seus impactos para os produtores”.