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“Movimento anti-transgênico é fruto de uma total irracionalidade”

Afirmação de António Coutinho, (Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa)




“Lobby muito poderoso e vocal, promotor frequente de arruaças, o “movimento anti-transgênico” é fruto de uma total irracionalidade. Donde a minha enorme surpresa ao assistir à resistência de alguns ambientalistas contra os alimentos “transgênicos”. A afirmação é de António Coutinho, ex-diretor do Instituto Gulbenkian de Ciência (1998-2012), e presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.


“Há ambientalistas que respeitam a racionalidade e conhecem a ciência, mas também há ambientalistas que se guiam apenas por chavões adotados de interesses politiqueiros ou mesmo arruaceiros, sem fazerem a mínima ideia do que estão a falar. Têm o seu direito, naturalmente. Na batalha contra a ignorância e a superstição, não há melhor arma que a educação”, defende ele.

O especialista afirma que, “nos últimos 20 ou 30 anos, com o progresso da genética molecular e da fisiologia, tornou-se possível proceder ao melhoramento de espécies de maneira totalmente controlada e racional, com resultados quase imediatos. Naturalmente, agora como sempre na História, o “interesse comercial” continua a ser a força motriz de tudo isto, mas novos objetivos mais “nobres” são também agora prosseguidos”.


“Em resumo, hoje fazemos melhor, mais controladamente e, sobretudo, muito mais depressa o que sempre fizemos na História. Não é verdade que os alimentos “transgênicos” fazem mal à saúde: não há qualquer demonstração, nem mesmo qualquer resultado experimental ou epidemiológico que sequer o indique”, ressalta. 

“Reconheço que, sendo de base irracional, o “medo” dos transgênicos, como todos os outros, só poderá ser vencido por mais e melhor educação nas escolas e nos media. Mas não será altura dos legisladores Europeus (e nacionais), que se deixaram levar por esses lobbies sem argumentos válidos mas com um forte “impacto” disruptivo, se deixarem “iluminar” pela ciência e levantarem o travão ao desenvolvimento econômico que tais medos têm vindo a impor?”, prossegue. 

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