“Incrível como muitas pessoas tratam defensivos agrícolas como venenos”
Questionamento é de Rumy Goto e Ciro Rosolem, do CCAS
“É incrível como muitas pessoas, e a mídia em geral, tratam como venenos.....os defensivos agrícolas. Será que os antibióticos, os medicamentos que tomamos quando necessário, seriam também venenos? Afinal o que é um veneno?” O questionamento é feito em artigo assinado pelos especialistas Rumy Goto e Ciro Antonio Rosolem – ambos membros do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS).
“Paracelsus (ou Aureolus Philippus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim – que viveu entre 1493 e 1541), tido por muitos como o pai da toxicologia, lançou o conceito de que o veneno depende da dose. Ou seja, tudo é veneno e não é veneno, dependendo da dose. Assim, qualquer elemento tóxico é seguro em baixas doses. O fato que este é o caso dos produtos farmacêuticos e pesticidas. Por exemplo, atualmente se discute a questão do sal na mesa dos restaurantes. Isso também em dose elevada é veneno, bem como açúcar em doses elevadas, porque pode matar. Mais ainda, algumas substâncias, embora tóxicas em altas doses, podem ser estimulantes em doses muito baixas. Isto se chama Hormese”, afirma eles.
“Tem-se constatado níveis acima do desejado de alguns ingredientes ativos nos seres humanos. Será que alguém já pensou que esse aumento poderia estar relacionado com a dengue? As pessoas passam os inseticidas no corpo, diretamente, porque não querem ser atacados pelos mosquitos. O pesticida, no caso, como é protetor, não é tido como veneno. É usado diretamente no corpo, nas crianças, nos adultos, e quem sabe até no cachorrinho, de uma forma exagerada”, apontam.
De acordo com eles, “é lamentável a total desinformação que existe e persiste. Desde o pequeno produtor até, e principalmente, o consumidor. Infelizmente os órgãos responsáveis pela divulgação, esclarecimento da população, não tem tido a responsabilidade de construir bons artigos, reportagens com qualidade jornalística séria. Normalmente as reportagens exploram os pontos negativos da produção de hortaliças e frutas. É bom lembrar que o uso indiscriminado de defensivos agrícolas é crime. É bom lembrar ainda que, quando usados na dose correta, os defensivos agrícolas são inócuos ao ser humano. Lembra do Paracelsus?”
“A grande verdade, que encontra resistência em sua divulgação, pois o pecado é mais interessante que a virtude, é que a produção de hortaliças no Brasil, a cada dia que passa, tem utilizado cada vez mais de boas práticas agrícolas, para produzir mais e melhor, com qualidade para atender a nossa população. Afinal, ainda precisamos consumir muito mais hortaliças do que consumimos atualmente”, conclui o artigo.
Rumy Goto é membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), professora adjunta da UNESP/FCA, na área de produção de hortaliças, Mestre em Agronomia/Horticultura.
Ciro Antonio Rosolem é Vice-Presidente de Estudos do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).