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Turfa

Leia sobre as propriedades da turfa.



A turfa é um composto orgânico feito a partir da decomposição de vegetais de pequeno porte que se desenvolvem em meio líquido, e é encontrada em locais alagadiços. Devido à ausência de oxigênio da atmosfera nestes ambientes, não ocorre oxidação completa da matéria orgânica, e a decomposição é realizada por bactérias e fungos anaeróbicos.

Quanto às suas características físicas, a turfa é um material muito poroso, e do ponto de vista químico, possui alta capacidade de adsorção de moléculas orgânicas polares e metais de transição (devido ao alto teor de substâncias húmicas como ácidos húmicos e ácidos fúlvicos). 

Este composto pode ser utilizado como um "adsorvedor" natural de baixo custo, aplicado ao tratamento de águas e efluentes contaminados por metais pesados ou substâncias tóxicas.

A composição química da turfa é detalhada na tabela abaixo:

Tabela 1. Composição média da turfa.

Componentes Valor
Nitrogênio* 3,09
Fósforo (P2O5)* 0,17
Potássio (K2O)* 0,36
Carbono 42,82
Índice pH 5,30
Relação C/N 14/1
Umidade* 66,50
Matéria orgânica* 77,25

*Valores expressos em porcentagem
Fonte: KIEHL, 1985.

 

Existem turfas de diferentes composições que variam de acordo com as condições climáticas vigentes durante a sua formação, bem como grau de decomposição. Além disso, dependendo dos tipos de planta que originaram este material as propriedades químicas e físicas são bastante diferenciadas. Assim, a turfa pode ter um aspecto estrutural que varia de uma pasta gelatinosa preta (alto grau de decomposição em camadas mais profundas) até uma condição fibrosa marrom clara (camadas mais superficiais).

As turfeiras oriundas de lagos e lagoas possuem baixo teor de cinzas, pois a água semi-parada nestes ambientes. Já em charcos, localizados nas planícies próximas de rios e baixadas que sofrem inundação e correntes de chuvas dos morros, as turfas sofrem contribuição de material mineral, elevando muito o seu teor de cinzas, sendo o caso das turfeiras do Vale do Paraíba, no estado de São Paulo.

As substâncias húmicas presentes na turfa podem favorecer características agronômicas, como o desenvolvimento da parte aérea, comprimento das raízes e da área radicular. Porém, apesar destas vantagens, a concentração de nutrientes na turfa é insuficiente para suprir a necessidade de uma cultura agrícola. Desta forma, recomenda-se a sua aplicação em conjunto com algum fertilizante mineral ou sua formulação em conjunto com o adubo mineral (formando um organomineral).

 

Turfeiras e mudanças climáticas

Ao longo do ano o nível de água subterrâneo nas turfeiras oscila devido à sazonalidade do clima. Em épocas de seca, ocorrem incêndios naturais, devido ao rebaixamento do nível de água subterrâneo, deixando a turfeira sem oxigênio e entrando em combustão espontânea, ocorrendo um incêndio subterrâneo. Essa combustão libera para atmosfera um forte odor, com grandes quantidades de fumaça. Devido à este processo, o estoque de carbono em várias turfeiras vem sendo reduzido.

Estudos apontam que as temperaturas mais elevadas irão reduzir o nível de água subterrâneo, interferindo diretamente nos processos de decomposição das turfeiras. No estado de São Paulo, todos os anos nas turfeiras em São José dos Campos ocorrem incêndios subterrâneos nas turfeiras, que chegam a queimar por até dois meses.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba, SP: Ceres, 1985. 492 p

MARQUES JÚNIOR, R. B., et al. Promoção de Enraizamento de Microtoletes de Cana-de-Açúcar Pelo Uso de conjunto de Substâncias Húmicas e Bactérias Diazatróficas Endofíticas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.32, p.1121-1128, 2008.

Petroni, Sérgio Luis Graciano, Pires, Maria Aparecida Faustino e Munita, Casimiro Sepúlveda. Adsorção de zinco e cádmio em colunas de turfa. Química Nova [online]. 2000, v. 23, n. 4, pp. 477-481.

PINTO, P. A. C. Sedimentos orgânicos utilizados como fertilizantes na agricultura. Universidade do Estado da Bahia. Juazeiro: Departamento de tecnologia e ciências sociais. 7p. 2003. 

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