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Fertilidade para a macieira

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Foto: Pixabay

Calagem

A cultura da macieira necessita de solo com pH em torno de 6,0. A calagem é feita com o objetivo de elevar o pH do solo, reduz ir a acidez e a disponibilidade de elementos tóxicos presentes no solo. De modo geral, esses solos também não exibem boa fertilidade. Salvo raras exceções, apresentam baixa disponibilidade de fósforo, cálcio e magnésio. A disponibilidade de potássio costuma ser boa, apesar da capacidade de suprimento desse nutriente, a longo prazo, ser restrita.

Em geral, os teores de matéria orgânica são considerados de bons a elevados. Na implantação do pomar, o produtor tem a melhor oportunidade, se não a única, de realizar uma boa correção da acidez e da fertilidade do solo, mediante a incorporação profunda do calcário e dos fertilizantes fosfatados e potássicos. Antes do plantio, a análise do solo é o melhor método para avaliar as necessidades de calcário, fósforo e potássio. Em face da baixa disponibilidade de cálcio e magnésio nesses solos e da alta exigência do primeiro elemento, deve-se dar preferência ao uso de calcário dolomítico, cuja relação cálcio/magnésio seja superior a 3:1.

Os calcários disponiveis no mercado possuem eficiência muito variável, em função de sua composição quimica e de sua finura. A quantidade recomendada pela análise do solo deve ser corrigida para PRNT (poder relativo de neutralização total) 100%, determinado por meio da análise do calcário. O calcário deve ser distribuído em toda a área, considerando-se efetiva sua ação por quatro a cinco anos. Após esse período, faz-se nova análise do solo para verificar se há ou não necessidade de outra calagem. Efetuam-se a coleta da amostra de solo e a análise com a devida antecedência do plantio, recomendando-se um intervalo mínimo de seis meses, a fim de que haja tempo suficiente para a aplicação do calcário e sua reaçao no solo. A amostra de solo é coletada na camada de O a 40cm, se houver disponibilidade de implementos capazes de incorporar os fertilizantes e corretivos nessa profundidade. Se possivel,retira-se uma amostra para a camada de O a 20 cm e outra para a de 20 a 40 cm.

Para quantidades de calcário acima de 5t.ha-1 recomenda-se parcelar a aplicação: metade antes da aração e o restante após esta, mas antes da gradagem. Nunca se deve fazer a aplicação simultânea de calcário e de adubos, especialmente de fosfatados. Sempre que houver disponibilidade de implementos e considerando a profundidade das raízes da macieira, a correção da acidez e da fertilidade deve contemplar os 40 cm superficiais do solo.

Adubação de pré-plantio

Antes da instalação do pomar, preferentemente a lanço, aplicam-se fertilizantes fosfatados e potássicos, em quantidades determinadas com base na análise do solo. Quando não houver interesse em estabelecer cultura intercalar, a adubação pode ser realizada em uma faixa de 3m de largura, ao longo da linha de plantio, faixa essa que, nas aplicações posteriores, vai sendo ampliada, conforme o crescimento das plantas. As quantidades de fósforo e de potássio colocadas em pré-plantio são, no mínimo, suficientes para as plantas até que entrem em produção, a partir do quarto ano.

Adubação de crescimento

Realizada a adubação de pré-plantio, recomenda-se, na fase de crescimento da macieira, usar somente adubação nitrogenada. Nessa fase, no primeiro ano, aplicam-se 5 kg.ha-1 de N trinta dias após a brotação; outros 5 kg.ha-1, sessenta dias após essa primeira aplicação, e mais 5kg/ha, após a segunda. No segundo ano, são 6 kg.ha-1 de N no inchamento das gemas, 7 kg.ha-1, sessenta dias após essa primeira aplicação mais 7 kg.ha-1, quarenta e cinco dias após a segunda. No terceiro ano, aplicar 11 kg.ha-1, 7 kg.ha-1 e, novamente, 7 kg.ha-1 de N, no inchamento das gemas, na queda das pétalas e após a colheita, respectivamente. Dependendo da fertilidade do solo e do crescimento das plantas, as quantidades de fertilizante nitrogenado poderão ser aumentadas ou reduzidas.

Adubação de manutenção

Do quarto ano em diante, quando as plantas devem entrar em produção comercial, os nutrientes e as quantidades a aplicar são determinados a partir da análise conjunta das segui ntes informaçõe: dados de análise foliar e da análise periódica do solo, idade e crescimento das plantas, adubações anteriores, quantidade de frutos produzidos e espaçamento. Para a análise foliar coletam-se folhas completas, da parte mediana das brotações do ano, entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro, em altura acessível e nos diferentes lados das plantas. Cada amostra é composta de, aproximadamente, cem folh as, oriundas de, no mínimo, vinte plantas representativas da área. Sempre que for indicada a aplicação de adubos fo sfatados ou potássicos, eles devem ser usados no início da brotação.

Não se utilizam fórmulas NPK indiscrim inadamente. Independente do teor na folha, não se aplica potáss io, se o teor no solo for maior do que 100 ppm (partes por milhão) na camada de O a 20 cm e maior do que 50 ppm na de 20 a 40 cm. Sempre que houver disponibilidade, recomenda-se usar adubo orgânico, em substitui ção ao mineral. Para tanto, considerar o teor de nitrogênio e de potássio do adubo orgânico e a necessidade de aplicação desses nutrientes. A adubação nitrogenada se faz parceladamente, no inchamento das gemas, na queda das pétalas e logo após a colheita. Os adubos devem ser distribuídos ao redor das plantas, na projeção da copa, forma ndo uma coroa distanciada 30cm do tronco.

 

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

Fonte

FREIRE, C.J.S.; CAMELLATO, D.; CANTILLANO, R.F.F.; FORTES, J.F. A cultura da maçã. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 107p. (Coleção Plantar ; 19).

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