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Histórico do fumo

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Foto: Pixabay

Há muitas divergências  sobre  o  surgimento  do  tabaco.  Há relatos históricos de que na Pérsia, se cultivou e fumou diversas espécies de tabaco antes mesmo da descoberta da América. Outro relato supõe que o tabaco é uma erva africana, baseado na idéia que não seria possível a folha do tabaco se espalhar tanto em todo aquele continente e enraizar-se em usos tão diferentes dos costumes dos povos na América. Alguns viajantes da Austrália sustentam que o tabaco é oriundo do norte daquele continente e citam em seu favor os relatos sobre plantas narcóticas que viram mascar, fumar ou sorver em forma de pó.

São antigos os registros sobre o costume dos índios americanos fumarem tabaco nas cerimônias religiosas e nos rituais mágicos, alguns dados indicam que o uso do tabaco surgiu aproximadamente no ano 1000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central”.

Diversas tribos distantes umas das outras, vivenciavam ritual semelhante no qual o sacerdote, cacique ou pajé entravam em transe aspirando o fumo do tabaco. Entretanto, não foram encontrados dados e informações históricas que mencionassem que o tabaco existiu na Europa antes do descobrimento da América, o que faz crer que seja esta  efetivamente  a  sua  verdadeira  pátria.

Diversas pesquisas indicam que o tabaco foi introduzido na Europa após o descobrimento da América pelos espanhóis e portugueses, no final do século XV e início do século XVI, e desde então, passou a ser cultuado até o século XIX. A partir do século XX, o que se viu foi o declínio do tabaco em todo o mundo.

Com o início da colonização européia, o tabaco se difundiu rapidamente por todos os continentes e tornou-se, por exemplo, a moeda corrente no tráfico de escravos, espalhando-se rapidamente pela África. O continente asiático, especialmente Japão, China e Índia, viu o tabaco ser introduzido pelos europeus ao longo do século XVI e a partir de 1600, já fazia parte  do  cotidiano  de  diversos  povos  daquele  continente.  São  vários  os  registros  de personagens da história do descobrimento da América que travaram contato com o tabaco ao longo dos anos que se seguiram ao descobrimento e colonização. A partir da entrada na Europa, vários países defenderam e criaram os seus monopólios. Já na Itália, o tacaco chegou no início do século XVI, por intermédio de um representante da igreja. Na França do século XVII, o Estado contralava a importação, fabricação e venda do tabaco.

A produção de cigarros se industrializou, fábricas apareceram na Inglaterra e França entre 1840 e 1860, a produção atingiu larga escala e barateou o produto, novos aparatos, como a caixa de fósforos e a máquina de enrolar cigarros, popularizaram e atribuíram conveniência ao consumo. As plantações da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, decorrentes do sucesso nos avanços tecnológicos para o cultivo da planta  viraram referência mundial para todos aqueles que se interessavam pela produção e comercialização do produto. A produção no final do  século  XIX já chegava  a 2,4 bilhões de cigarros. Os Estados Unidos e a Inglaterra chegaram ao século XX com o domínio de 80% do mercado mundial de tabaco. Em 1903 a produção anual atingiu 3 bilhões de cigarros e 13 bilhões em 1912. O primeiro cigarro “moderno” foi introduzido em 1913.

A produção do tabaco no Brasil ocupou áreas reduzidas e concentradas entre Salvador e Recife, nos arredores da cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. A produção era basicamente doméstica e apenas a partir do final do século XVII surgiram produtores com maior capacidade, que passaram a empregar mão-de-obra escrava. Como a atividade não ocupava os doze meses do ano, quase todos os produtores  eram  também  senhores  de  engenho  e  criadores  de  gado,  que  afirmavam que "faziam algum fumo" como complemento da renda familiar.

A cultura fumageira do Brasil é constituída por pequenas propriedades rurais e revela também uma das atividades mais peculiares no contexto do agronegócio nacional. Enquanto os grandes mercados internacionais de commodities são formados por médios e grandes produtores, a fumicultura constitui uma atividade agrícola tipicamente minifundiária, de perfil quase artesanal. São em sua maioria propriedades bem-administradas, diversificadas e baseadas em conceitos modernos de gestão rural, de mercado, de tecnologia e de respeito ao meio ambiente. Somam-se a estes aspectos o sistema de produção integrada e, principalmente, o aproveitamento de todo o potencial da mão-de-obra familiar. Estas propriedades, cuja média de área fica em pouco mais de dois hectares, estão situadas, em grande parte, em regiões de topografia acidentada, o que dificulta a mecanização.

O  Brasil  vêm  mantendo  um  ritmo  contínuo  de  crescimento  nas  exportações, consolidando cada vez mais a posição de maior fornecedor mundial desse produto. Atualmente, o Brasil exporta cerca de 85% da sua produção para mais de 100 países. Entre os principais compradores estão União Européia (40% do total), Extremo Oriente (23%), Leste Europeu (13%), América do Norte (13%) e, ainda, África, Oriente Médio e América Latina. Individualmente, os Estados Unidos são o maior cliente.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

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