CI

Plantio do pomar de café

-



Foto: Emater MG

 

O planejamento faz parte da administração de um empreendimento e consiste em tomar decisões e programar ações sobre: que, por que, quando, quanto, como e onde fazer. A comercialização da produção é outro aspecto fundamental a ser considerado, pois, para produzir, é conveniente saber, antecipadamente, para quem e onde vender o produto final.

A resposta a todas essas questões envolve, também, a busca de informações sobre a conjuntura cafeeira, identificando ameaças e oportunidades do ambiente econômico, bem como os pontos fracos e fortes da propriedade, como: aptidão das terras, existência de infraestrutura adequada, existência de fornecedores de insumos e serviços, disponibilidade e qualificação da mão de obra, possibilidade de diversificação e ou adoção de atividades complementares, de acordo com o potencial da propriedade.

Devem-se, ainda, avaliar aspectos legais para uso do solo, da água e de outros recursos naturais, bem como zoneamento agroclimático para a cafeicultura.

Uma vez tomada a decisão pela implantação, dependendo do porte do empreendimento, deve-se adotar um plano de ação para antecipar algumas providências como a definição de quais cultivares a serem plantadas, assegurando o suprimento de mudas em tempo e em quantidade.

Quando adequadamente implantado, o cafezal responde melhor aos tratos culturais, reage melhor às adversidades climáticas e à demanda produtiva. Nessa fase há, muitas vezes, o risco de comprometer o estabelecimento do cafezal, consequentemente, a produtividade e a longevidade da lavoura.

QUALIDADE DAS MUDAS

As mudas de café devem atender os padrões técnicos e normativos, definidos pelo órgão de fiscalização da produção de mudas. Destacam-se as seguintes características:

  • Serem produzidas em viveiros registrados.
  • Terem de 3 a 6 pares de folhas definitivas, apresentado desenvolvimento normal.
  • Terem sido aclimatadas por um período de pelo menos 30 dias.
  • Estarem livres de doenças, como: cercosporiose, rizoctoniose e nematoide.
  • Apresentarem, no máximo, 5% de “pião torto”.

ÉPOCA DE PLANTIO

A época ideal para o plantio não irrigado, para a maioria das regiões cafeeiras, compreende o período de outubro a dezembro, desde que o solo tenha umidade suficiente.

As mudas devem sair do viveiro acondicionadas em caixas e transportadas com cuidado até a área do plantio, o que diminui sobremaneira o destorroamento, sem prejuízos para o sistema radicular.

MUDAS

Procede-se à abertura das covetas, utilizando-se de um enxadão estreito ou cavadeira, de forma que fiquem bem alinhadas no centro do sulco ou da cova, para facilitar, posteriormente, os tratos culturais e a colheita mecanizados. Momentos antes do plantio, fazer uma rega abundante ou imersão em água.

Em áreas onde não é possível a entrada de carretas ou veículos nos talhões, as mudas são distribuídas manualmente ao longo da linha de plantio, ao lado das covas. Proceder ao corte de aproximadamente 1 cm do fundo do saquinho e retirar cuidadosamente o restante do plástico.

A seguir, colocar a muda na coveta, bem aprumada e ao nível do solo, pois, se muito profunda, resultará em “afogamento” do caule. Se muito rasa, com exposição do bloco, pode levar as mudas a tombarem, principalmente sob efeito de ventos, predispondo, ainda, ao ressecamento excessivo nas estiagens.

Após a colocação das mudas na coveta, deve-se pressionar levemente a terra apenas lateralmente, sem pressionar o bloco, o que poderia comprometer o sistema radicular, causando o chamado “pião torto”.

Ao concluir o plantio, fazer o recolhimento dos saquinhos de plástico espalhados pela área, dando a correta destinação a eles.

Em áreas de topografia favorável, utilizar-se da plataforma plantadora acoplada a um trator, que abre pequenos sulcos na linha de plantio, com o auxílio de um marcador, que determina o espaçamento entre as plantas. Na plataforma, as mudas, já com os fundos dos saquinhos cortados, são distribuídas, e, logo após, outros trabalhadores efetuam o plantio manualmente. Há, ainda, os casos em que a operação é totalmente mecanizada.

Em grandes áreas, é recomendável a formação de equipes constituídas por fiscais e encarregado da distribuição de mudas, da abertura das covetas e do plantio. Uma equipe bem dimensionada é composta de 26 pessoas e (de) um encarregado da fiscalização. Normalmente, o rendimento operacional de uma equipe é de 300 a 400 mudas por pessoa/dia.

Pequenos cuidados são importantes e podem fazer a diferença, tanto no bom “pegamento” das mudas, quanto nas fases subsequentes.

REPLANTIO

Após 30-40 dias da realização do plantio, inicia-se o replantio nas falhas que porventura ocorrerem, substituindo as mudas mortas ou debilitadas. O replantio de 3 a 5% das mudas é considerado normal e deve ser planejado no suprimento de mudas para o plantio.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

 

Bibliografia

MESQUITA, C.M. et al. Manual do café: implantação de cafezais Coffea arábica L. Belo Horizonte: EMATER-MG, 2016. 50 p.

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.