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Selic acende luz amarela para 2015

Juros altos devem inibir mais a busca de recursos para os próximos meses em Goiás


Segundo analistas, os juros altos devem inibir mais a busca de recursos para os próximos meses em Goiás

Se o cenário econômico já não era dos melhores, com o reajuste da taxa Selic – juros básicos da economia – de 11% para 11,25% deve ser ainda pior. Com o recente anúncio da elevação, o setor produtivo goiano espera uma queda mais acentuada nos investimentos e até mesmo na própria produção.

De acordo com o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Pedro Raffy Vartanian, “a elevação inesperada da taxa básica de juros sinaliza que o Banco Central tem como objetivo fazer com que a inflação retorne para o centro da meta de uma forma mais acelerada”. Mas, ao combater a inflação, os investimentos na produção, de maneira geral, podem cair?

Indústria

Para o economista da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Cláudio Henrique de Oliveira, sim. De acordo com ele, o investimento ao longo do ano do setor industrial no Estado já foi baixo e, a partir de agora, deve ser ainda menor.

Ele explica que a nova taxa de juros torna o preço do capital no financiamento mais elevado, o que afasta os empresários. “A produção já diminuiu e o consumo também. Então não tem justificativa para mais recursos. A elevação da taxa de juros acaba sendo um inibidor de investimento”, argumenta. “A política monetária adotada para combater a inflação barra o consumo em um momento difícil da economia brasileira, o que atrapalha ainda mais o crescimento”, acrescenta.

Segundo o economista da Fieg, a atual conjuntura do País causa apreensão nos empresários do setor. “Acende uma luz amarela para 2015. Os empresários já devem iniciar o próximo ano com uma perspectiva de pé no chão e cautela para ver as ações do governo, para só assim analisar as melhores opções e retomar a confiança necessária para aplicar o capital novamente”, ressalta.

Agropecuária

O gerente técnico e econômico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Edson Alves Novaes, lembra que algumas linhas de crédito são mais em conta para os produtores e ainda tem atraído alguns investidores, como o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), o Produzir e Fomentar.

“Goiás ainda recebe, mas poderia estar recebendo muito mais. Os recursos do FCO, por exemplo, já esgotaram. Atualmente, não estamos aumentando a produção, justamente por conta da falta de investimentos. O crescimento goiano vem muito forte durante todo o ano, até acima da média nacional, e vem demandando ainda mais recursos para dar continuidade a esse avanço”, avalia o economista.

Na opinião dele, com mais recursos, o setor poderia empregar mais pessoas, impulsionar a massa salarial e, consequentemente, o consumo também.

Comércio

Essa elevação da taxa de juros deve impactar até o comércio. O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio/GO), José Evaristo dos Santos afirma que, com a economia estagnada e juros altos, o consumidor e o comerciante devem ficar mais receosos. “Ninguém está comprando como nos últimos anos. Estamos em um cenário de cautela. O Brasil tem ainda os juros mais altos do mundo e tem linhas de crédito com juros de até 260% ao ano, como o próprio cartão de crédito”, revela.

Com isso, menos postos de trabalho serão gerados. “Um exemplo é a menor contratação para vagas temporárias neste fim de ano”, diz. Um indício do baixo investimento dos comerciantes para o período.

BC diz que juro bancário deve subir

O aumento da taxa básica de juros anunciado na quarta-feira (29) deve levar à elevação dos juros bancários, que recuaram nos últimos meses, e a uma “moderação” na liberação de financiamentos, segundo o Banco Central.

O chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, afirmou ontem que as medidas de incentivo ao crédito anunciadas em julho e agosto têm efeito restrito sobre os financiamentos. Já a mudança na Selic, que passou de 11% para 11,25% ao ano, afeta diretamente o crédito bancário.

Em setembro, a taxa média de juros para pessoas físicas caiu pelo segundo mês consecutivo, para 27,5% ao ano, menor percentual desde fevereiro (27,4%). A inadimplência passou de 4,4% para 4,2% nessas operações. (Fp)

Alta surpresa faz Bolsa subir mais de 2%

A inesperada alta da Selic anunciada pelo Banco Central na quarta-feira (29), de 11% para 11,25%, animou os mercados financeiros ontem, levando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, a fechar em alta de 2,52%, em 52.336 pontos.

O dólar comercial, usado em transações do comércio exterior, registrou queda de 2,43%, para R$ 2,408. Referência no mercado financeiro, o dólar à vista caiu 1,65%, para R$ 2,4067.

A elevação da taxa básica de juros foi bem recebida no mercado financeiro, que viu sinalização de que a política econômica do novo governo Dilma deve ser diferente, mais alinhada a uma ortodoxia e perseguição da meta de inflação, além de, na avaliação de analistas, demonstrar independência de atuação do BC, o que também agrada aos investidores.

O destaque ficou para a alta das ações de bancos, beneficiadas pela elevação da Selic -que pode implicar aumento de juros cobrados em financiamentos, segundo disse o próprio BC ontem. 

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