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Vai e vem das cotações


Adelson Gasparin
A primeira quinzena do mês de setembro, que marca o início do ano comercial 2013/2014, apresentou significativo recuo nas cotações de soja nos portos do Brasil. Já para o mercado interno de milho e trigo, as operações não refletiram em significativas novidades de preços. O foco dos agentes se ateve ao último relatório de oferta e demanda mundial antes do início da colheita e o boletim de condições de lavouras, divulgados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e, claro, às previsões climáticas sobre as lavouras norte-americanas com estágio de desenvolvimento mais atrasadas.
No caso da oleaginosa, o recuo dos preços também sofreu forte influência da cotação do dólar. Com as novas medidas adotadas pelo Banco Central brasileiro (Bacen), na intenção de frear a elevada valorização do dólar frente o real, desde o final de agosto, quando a cotação atingiu o patamar de R$ 2,45, a curva da moeda brasileira tem se recuperado consideravelmente, ao passo que veio a testar a casa dos R$ 2,19 no meio da semana. Diariamente, o Bacen tem atuado no mercado futuro com operações de venda de dólares, o tradicional Swap Cambial, e também por leilões de venda com compromisso de recompra futura. Para simplificar, até o final do ano o governo brasileiro estima injetar no mercado cerca de US$ 3 bilhões por semana.
A medida, apesar de ser pessimista para os preços da soja, é de suma importância à atual situação econômica do país e ao agronegócio como um todo, ao qual ainda somos muito dependentes de matérias-primas importadas, como é o caso dos fertilizantes e defensivos químicos utilizados pelos produtores brasileiros e, dentre outros, o próprio combustível. Apesar do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) seguir reduzindo seus estímulos monetários mensais, à medida que a economia norte-americana apresenta gradativa recuperação, o que implica em menor circulação de dólares no mundo todo e gera grande instabilidade no sistema financeiro global, a expectativa dos agentes é de que o país consiga manter a moeda flutuando entre R$ 2,10 e 2,30.
Voltando a falar das operações do grão propriamente dito, as cotações também sofreram pressão do mercado futuro na Bolsa de Chicago. Com a projeção de que o país norte-americano venha a colher 85,68 milhões de toneladas de soja e 351,61 de milho, divulgado pelo USDA, volume já esperado pelo mercado, os agentes têm de lá pra cá buscado novas recolocações na Bolsa. Outro fator que gerou grande instabilidade nas negociações foram os dados reportados pelo relatório semanal de condições de lavouras, que apesar de vir reduzindo levemente o quadro de lavouras consideradas boas e excelentes, os índices são bem melhores do que os dá última safra, quando o país enfrentou a pior seca da história.
Entretanto, mesmo já com o registro do início da colheita de algumas lavouras de soja e milho a expectativa é de que a alta volatilidade siga tomando conta do mercado à medida que novos reportes de produtividade e produção sejam divulgados. As especulações de Chicago também devem se voltar logo mais à América do Sul com o início das intenções de plantio e previsões climáticas, já que a projeção dos estoques mundiais ainda é considerada apertada pelo USDA. Ao produtor brasileiro também cabe acompanhar o movimento de baixa no dólar para finalizar a compra dos insumos da próxima safra.

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