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Sucessão com inovação no campo


Amélio Dall’Agnol
É por demais conhecido o velho ditado: “pai rico, filho nobre, neto pobre”. Muitos de nós, apesar da sábia afirmação desta mensagem, ainda não paramos para refletir sobre o seu real significado. O pai rico foi aquele que deu duro e construiu a fortuna da família; o filho nobre se limitou a usufruir da fortuna que o pai ganhou e não deixou nada para o seu filho, que voltou à condição de pobre. 
Desnecessário citar exemplos de fortunas familiares que se esvaíram, presumivelmente por má gestão dos familiares que sucederam a quem construiu a riqueza. Certamente, a maioria de nós conhece ou conheceu famílias que trilharam esse caminho e hoje, apenas têm saudade dos bons tempos que se foram.
Quando fortunas familiares evaporam, muito provavelmente, a tendência natural da sociedade seja culpar apenas o “filho nobre”, quem sumiu com o dinheiro que o pai ganhou, gastando irresponsável e perdulariamente. Mas o pai rico não tem nenhuma responsabilidade pelo acontecido?! Não seria o filho perdulário resultado de um pai empreendedor, mas prepotente, incapaz de ensinar ao filho os segredos do seu próprio sucesso? Talvez, até tenha menosprezado as eventuais investidas do filho, que tentava ajudar com ideias malucas de moleque aprendiz. Descartado, elegeu a vida fácil das festas, ao desprezo do pai ausente. 
O sucesso, é bom frisar, não é um bem permanente. O que costuma ser permanente é o fracasso. Mesmo um pai rico pode fracassar após o êxito inicial de uma iniciativa bem sucedida, caso não busque adaptar-se às mudanças que acontecem continuamente no mundo que o cerca. “Não é o mais forte quem sobrevive e nem é o mais inteligente, mas aquele que melhor se adaptar às mudanças”, escreveu Charles Darwin, em seu tratado sobre a evolução das espécies. 
Hoje, talvez seja pertinente acrescentar ao dito de Darwin, que já não basta adaptar-se as mudanças para ter sucesso, é preciso, também, ser rápido na identificação e adaptação à nova realidade. O mais veloz vence o mais lento, que perde sua posição no mercado. Vivemos tempos quando é preciso mudar enquanto corremos. Bebe água limpa quem chega primeiro.
Os jovens são mais receptivos às mudanças e se adaptam mais facilmente aos novos cenários. São menos avessos ao risco e aceitam com mais naturalidade uma eventual frustração de uma iniciativa mal sucedida. Nessa eventualidade, eles têm toda uma vida pela frente para recompor-se. 
Neste espaço, vamos ater-nos apenas a comentar os desafios da sucessão familiar no campo, onde está cada vez mais difícil reter os jovens que, em sua grande maioria, preferem migrar para áreas urbanas onde há mais lazer, além de atividades com mais prestígio. Mas há jovens que gostariam, apesar do sacrifício, de continuar a saga familiar no campo, desde que apoiados pela família na implementação de novas iniciativas. Apesar dessa disposição, nem sempre eles conseguem romper a resistência dos membros mais velhos da família, os quais temem um eventual fracasso das inovações propostas pelo jovem, preferindo continuar na segurança do status quo, ao provável êxito de uma mudança arriscada. 
É frustrante constatar que fortunas familiares, construídas durante décadas de renúncias e sacrifícios dos seus protagonistas, se perdem por causa da visão obtusa de adultos conservadores, que não aceitam realizar as mudanças que se fazem necessárias para manter as conquistas familiares do passado. O campo precisa de inovação, força que não brota da cabeça de idosos refratários a mudanças, mas de jovens empreendedores e revolucionários. “É de pequenino que se torce o pepino”.
O Brasil que deu certo está distante dos centros urbanos e se chama Agronegócio. Nele há centenas de “pais ricos”, cujas fortunas foram construídas com muito trabalho e dedicação, muitas delas a partir de quase nada. A esses dinâmicos empreendedores desejamos muita sorte na gestão futura do negócio familiar. Que o sucesso do “pai rico” continue presente nas gerações dos filhos, netos e bisnetos. 

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