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Setor sucroalcooleiro: em quem investir?


José Osvaldo Bozzo
Energia X Etanol: qual a melhor opção?

A questão ambiental, a modernização da biotecnologia, o modo de atuação das usinas e o trabalho dos cortadores de cana, estão entre as preocupações acerca do tema

O mercado de cogeração de energia elétrica por bagaço de cana-de-açúcar, de enorme relevância para o setor energético, e inserido em um contexto mundial, tem sido um procedimento adequado por tratar-se de uma forma de mudança da queima de combustíveis fósseis por combustão de combustível renovável (bagaço). Isso implica em uma redução drástica de impactos indesejáveis causados ao meio ambiente.


Sob o aspecto da cogeração de energia elétrica excedente, baseada na queima de bagaço da cana, pesquisas mostram o quão ainda é premente a abertura de novos incentivos e, consequentemente, investimentos em projetos desta natureza, sobretudo se levarmos em consideração tratar-se de um mecanismo limpo e renovável.

Outro fator que deve ser lembrado, além da questão ambiental, é que não é de hoje que existe uma relevante preocupação com o tema geração de energia elétrica. Cada vez mais, ouvimos falar em racionamento de energia, haja vista nosso principal capital de geração ser as hidrelétricas, que dependem diretamente da natureza, além de que há um sério problema de logística, ou seja, a distância das hidrelétricas dos centros urbanos.

Por isso, tem sido maior a tendência pela opção de investimento na cogeração por meio do bagaço de cana-de-açúcar, uma vez que a maioria das usinas, principalmente as do estado de São Paulo, possui autossuficiência no consumo de energia, podendo inclusive prover todas as suas necessidades, além, ainda, de contribuir com o excedente na comercialização com as distribuidoras de energia.

Acredita-se que a cogeração continua sendo uma perspectiva positiva de crescimento, desde que haja mais incentivos pelo Governo Federal, aliado a procedimentos adequados utilizados pelo setor suco energético na questão das varias formas de poder vender a energia elétrica excedente, ou seja, buscar uma sinergia com os órgãos reguladores, observando sempre uma combinação de fatores e de estratégias.

Sintetizando, talvez haja a necessidade de os produtores de energia reavaliar com mais profundidade a maneira como o sistema de energia extraída do bagaço atua no mercado, no sentido de alavancar sua competitividade e alçar novos objetivos, e com mais eficiência. Um fato é que para se tornarem mais competitivas e eficientes neste tipo de demanda, as usinas, principalmente as já construídas, precisarão de uma modernização no seu parque fabril, seja por meio de deformações, seja pela aquisição de novos equipamentos. Precisará ainda, estrategicamente, tomar decisões importantes na questão de como será a forma mais vantajosa para se comercializar a energia, de maneira que o produtor tenha garantias operacionais e econômicas necessárias para conduzir o seu negócio.

Já na questão do etanol, cogita-se um incremento na sua produção entre 30% e 40% fazendo uso do bagaço da cana-de-açúcar e, com a opção, ainda, da produção de energia. Esta volatividade aumenta a quantidade de etanol produzido pela mesma área plantada, consolidando ainda mais o incentivo do uso de combustíveis de fontes renováveis e alternativas. Pode ainda trazer relevante investimento e aprimoramento no arcabouço que já tinha sido iniciada desde a época do Proálcool, que sem dúvida alguma, foi de extrema importância para o país dando ao etanol a sua internacionalização e aumento da produção.


O Brasil tem uma posição de destaque na modernização da biotecnologia, assim como no desenvolvimento de variedades de cana, porém ainda é necessário um esforço sucessivo para o aprimoramento, estudos, pesquisas, enfim, que foquem na inovação e desenvolvimento do segmento junto aos institutos de pesquisas, Governo e empresas.

A indústria nacional de aparelhamentos para a produção de etanol e cogeração de energia indica que aproximadamente 100% de toda cadeia seja de capital brasileiro. Há de se repensar que nosso país, embora preparado para atender à demanda atual, seja na questão energética, seja na produção do etanol, ainda necessita de investimentos em ampliação de capacidade produtiva, pois está operando com 100% de eficiência, ou seja, sem ociosidade o que nos diferencia como sendo grande mercado competitivo, como por exemplo, no aproveitamento do bagaço.

Para se ter uma ideia de números, aproximadamente, mais de 300 produtores de açúcar e álcool processam quase 400 milhões de toneladas de cana por ano. Cada tonelada de cana produz em média 140 kg de bagaço, dos quais 90% são usados para produzir energia térmica e elétrica. Não bastaste, ainda sobra a palha, que hoje, por enquanto, permanece no campo. Há estudos e pesquisas em andamento sobre a possibilidade deste resíduo, a palha, ser utilizado como biomassa em outros subprodutos.

Isto nos mostra efetivamente uma forte evolução dos produtores, pois boa parte da energia térmica e elétrica é produzida na própria usina com sistema de cogeração de bagaço. No passado, a produção de energia através do bagaço tinha como objetivo apenas a produção necessária para o seu uso interno, até porque havia certa dificuldade de vender os excedentes, o que hoje, diferentemente, há condições e potencial para ir muito mais além. A par disso, temos ainda um limitador, de acordo com a legislação de São Paulo, que dispõe sobre paralização gradual da queima pré-colheita. Certamente esse processo será positivo na utilização da palha, ou seja, será incorporado ao sistema de geração de energia nos próximos anos. Daí a grande questão para o setor sucroalcooleiro: em quem investir? Energia X Etanol: qual a melhor opção?

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