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Semana turbulenta nas ruas e no campo


Adelson Gasparin
Em meio ao vai e vem dos protestos que se espalharam pelas capitais brasileiras e ganharam total atenção da grande mídia ao longo da semana, é preciso fazer jus à voz do campo, que também mostrou sua força nas mobilizações realizadas ao longo das principais rodovias dos estados produtores brasileiros. Defendendo ideais diferentes, estas duas frentes têm em comum o objetivo de dizer chega às barbáries do governo.
Enquanto a população dos centros urbanos foram para as ruas reivindicar o fim da roubalheira e da má aplicação do dinheiro público, o campo gritou em brados fortes pelo fim das invasões, confrontos indígenas e para cessar as absurdas demarcações de terras pela FUNAI. O recado foi dado. De ambos os manifestos percebe-se que não há mais paciência para o descaso. O povo brasileiro mostrou ao mundo nesta semana que não aceita mais ser enganado.
Nervoso também tem sido o mercado financeiro brasileiro ao longo da primeira quinzena do mês de junho, com Ibovespa em queda, investidores cautelosos, dados ruins do PIB, fraco crescimento econômico, aumento da inflação e possibilidade de rebaixamento do rating brasileiro pela agência de classificação de risco Stand & Poors.
Enfim, o que estes dados têm haver com os preços das commodities agrícolas? Afinal o consumo interno e externo segue aquecido e com o avanço do dólar, os preços ficam ainda melhores, certo? Sim, principalmente no mercado da soja, onde as cotações da Bolsa de Chicago seguem se mantendo acima dos US$ 15 dólares por bushel. Com isso a conta final do preço pago ao sojicultor brasileiro fica bem atraente ao passo que o dólar já atingiu a casa dos US$ 2,18 no meio da semana.
Eis que surge um entrave. A bem vinda alta do dólar parece não ser mais interessante. É quando este mesmo produtor faz o cálculo do custo de produção da nova safra. Desde o rompimento dos US$ 2,00 registrados no início de maio, os insumos e fertilizantes subiram entre 15 e 20%. Este valor é praticamente o dobro da alta do dólar. Acontece que o Brasil importa praticamente toda a matéria-prima para a fabricação destes insumos e fertilizantes, que por sua vez, são cotados em dólar.
O Banco Central, na tentativa de conter a desvalorização da moeda nacional, tem realizado vários leilões de Swap cambial, no qual a intenção é tentar aumentar a oferta de dólares no país e com isso frear a escalada da moeda norte-americana. Porém, o grande problema tem sido a retirada de dólares do país pelos investidores estrangeiros em resultado do preocupante momento da economia brasileira.

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