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Proteção de plantas e estresse hídrico


Instituto Phytus
Diante do cenário atual de aumento do intervalo entre chuvas, principalmente na região sul, tendenciosamente procura-se retardar a próxima aplicação em função do clima seco. O atraso na aplicação tem o intuito de aguardar a precipitação seguinte e a possibilidade de um maior “residual” dentro do programa de controle.
No entanto, a safra 2012/13 acabou por mostrar que este manejo é insustentável do ponto de vista de eficiência de controle da ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi). Um ano atrás, da mesma forma, houve restrição hídrica no mês de janeiro na região sul, o que induziu muitos agricultores a retardarem a entrada com a aplicação de fungicida. A consequência deste manejo foi sentida imediatamente após o retorno frequente das chuvas, provocando um aumento na taxa de progresso da ferrugem, que estimulou novas entradas para aplicações de fungicidas, porém sem sucesso.
Este fato tem explicação técnica sobre o triângulo da doença: patógeno, ambiente e seu hospedeiro. É notório que no clima seco a ferrugem tem a evolução retardada, porém o início do processo de infecção é o grande problema, pois estabelece o inóculo inicial para o progresso da doença após a regularização das precipitações. Mesmo no período seco, há chegada de esporos na lavoura, ainda mais a partir do mês de janeiro. É fato que a grande maioria dos esporos não terá viabilidade em função da falta de condições adequadas para germinar e infectar. Entretanto, em lavouras de estádios avançados e já com fechamento entre linhas, ocorrerá a infecção do patógeno nas folhas do baixeiro em função do microclima (> período de molhamento e < radiação), estabelecendo o inóculo inicial da ferrugem da soja.
Com o período seco, o patógeno que infectou os tecidos não morrerá, simplesmente retardará o processo de colonização e reprodução (esporulação) em função das condições adversas. No entanto, os dias que precederão às chuvas já têm as condições ambientais modificadas, como aumento na umidade relativa e molhamento foliar, sendo suficiente para esporulação do patógeno. Neste momento, o produtor está esperando a precipitação acontecer para entrar com a aplicação dois ou três dias após, dependendo do tipo de solo. Esse processo será erradicante frente ao patógeno, sendo o conhecido posicionamento ineficaz.
Para essas condições, inúmeros estudos desenvolvidos no Instituto Phytus remetem à conclusão que o programa de controle deverá ser mantido sem alterações nos seus intervalos de aplicação, mesmo em condições adversas. No entanto, o clima seco impede que as aplicações sejam feitas durante boa parte do dia, então precisamos remanejar o momento de aplicação para o período noturno. Neste cenário, as condições climáticas são mais amenas, aumentando o tempo de vida da gota e reduzindo suas perdas, como no período da tarde. Além disso, resultados internos ainda não publicados remetem à maior absorção foliar no período da manhã, entretanto em muitas áreas não há possibilidade de aplicar somente neste período. Assim, a noite passa a ser uma alternativa de manejo, visto que principalmente a estrobilurina tem afinidade muito grande com a cutícula, melhorando a estabilidade do depósito na mistura com triazol.

Dr. Marcelo Gripa Madalosso - Gerente de Pesquisa e Ensino do Instituto Phytus
E-mai: [email protected]
Informações sobre o currículo: Possui graduação em Agronomia, mestrado em Engenharia Agrícola e doutorado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria com ênfase em Fitopatologia e Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas. Atualmente é Gerente de Pesquisa e Ensino do Instituto Phytus e Professor da Universidade Regional Integrada. Possui experiência na área de defesa fitossanitária, atuando principalmente nos patossistemas ligados à soja, arroz, milho, algodão, feijão e trigo.

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