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Por que não somos país de primeiro mundo?


Adelson Gasparin
O mês de outubro mal começou e já veio cheio de emoção. No Brasil manifestações e confrontos entre professores e policiais, embates políticos - como de sempre - e OGX a beira do calote com sua nota rebaixada para ‘D pela Stand & Poors. Será que ainda tem dinheiro do governo para ajudar esta empresa? Tem mais. Índios sapateando em Brasília para atrapalhar andamento da PEC 215 que tira poder de demarcações da FUNAI. Já nos EUA a chapa ficou quente para Obama. O governo está à beira do abismo fiscal com impasse orçamentário. Sem acordo no senado, vários setores públicos paralisaram os trabalhos em meio à semana. Inclusive o USDA (Departamento de Agricultura), que divulga ao mundo semanalmente dados sobre produção, comercialização, acompanhamento de safras, etc.
A todo modo, as divergências de interesses dos agentes do governo parecem estar em pautas comuns nos dois países. Aliás, se já é difícil se chegar há um acordo no congresso dos EUA onde há apenas Republicanos e Democratas, imagina no Brasil com tantos partidos políticos. Mas este ponto não vem ao caso. O fato é que aqui a corda sempre estoura no bolso do povo. Tudo se resolve com aumento de impostos, combustíveis e taxas de juros. Para aliviar o déficit orçamentário norte-americano, a exemplo de Obama que abriu mão de 5% de seu salário, todos os governantes e funcionários das agências governamentais, inclusive servidores e funcionários civis o farão, seja abrindo mão de percentual de salário ou tirando alguns dias de licença não remunerada.
Claro que a situação gera desconforto e atrapalha a rotina da população, ainda mais em um país de primeiro mundo. Mas tal circunstância não chega sequer perto da realidade vivenciada no Brasil. Em primeiro lugar lá se respeitam as leis, a Constituição. E as leis valem para todas as classes sociais. Policiais possuem proteção jurídica para combater o crime. Os setores de educação, saúde, transporte, infraestrutura são muito bem tratados e praticamente gratuitos à população. Professores não precisam mendigar aumentos de salários todos os anos. Políticos que se corrompem e roubam dinheiro público são severamente punidos e só possuem o ‘direito de ficarem calados, na cadeia.
Indígenas possuem seu espaço garantido pela Lei. São 2,5% do território nacional norte-americano a eles reservados em meio a parques ambientais protegidos pelo governo para cultuarem seus costumes e tradições. E tudo funciona em perfeita harmonia com o agronegócio. Sem Greenpeace, sem CIMI, sem Survival, sem FUNAI estar por trás fazendo dos índios um escudo para defender interesses mundiais. Sem demarcações de terras desenfreadas, sem produtores sendo obrigados a deixarem suas fazendas, suas casas, suas histórias.
Já no Brasil, além deste desrespeito ético e moral ao qual estão submetidos, os produtores ainda enfrentam outros enormes problemas que engessam o desenvolvimento do setor. Um deles que nunca citei aqui: a falta de apoio da população urbana, à qual no passado, influenciada pela grande mídia, rotula a agropecuária como setor que polui e destrói o meio ambiente. Este pensamento aos poucos está sendo mudado. Tanto que grandes bancos e grandes marcas agora têm veiculado propagandas focadas ao meio agro em horários nobres da TV.
Por fim, é por estas e muitas outras que estamos longe de nos tornarmos país de primeiro mundo. Cabe a cada um de nós lutarmos para um dia chegarmos a um melhor nível, mas é de nossos dirigentes a carga maior para que haja de fato mudanças significativas. É do governo que precisa surgir exemplos de ética e cidadania, cujos interesses protejam e respeitem todos os setores que carregam o país nas costas. E que as leis da Constituição comecem ter maior eficácia.

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