No início de setembro, tive a oportunidade de participar da I Feira Internacional de Negócios em Olivicultura que compreendia também a II Jornada de Olivicultura, I Concurso Internacional de Azeites e I Feira Internacional de Azeites e Azeitonas. Todos esses eventos foram realizados no Centro de Eventos da PUCRGS em Porto Alegre.
Meu sincero reconhecimento à ARGOS-Associação Rio Grandense de Olivicultores que idealizou - com total êxito - tal evento, tendo ainda o mesmo sido abrilhantado pela ativa participação do Conselho Oleícola Internacional-COI além de convidados e palestrantes de nível internacional.
Sem querer dramatizar a situação da olivicultura no Brasil onde encontrou chão fértil ainda nos tempos do Brasil Império (ou pouco antes disso) mas que logo perdeu tal quando a família real, seguindo instruções comerciais e protegendo o monopólio de produção de azeite do Alentejo, ordenou que fossem cortadas todas as oliveiras do Brasil.
Algumas iniciativas privadas foram levadas à meia luz como a manutenção de oliveiras protegidas por padres que viam na oliveira uma perpetuação do início da comemoração da Páscoa - especificamente no Domingo de Ramos. Mas nada expressivo ocorreu no até a década de 30 do século passado quando reiniciou-se a introduzir tal com maior ênfase no Brasil.
A oliveira é uma árvore que necessita de altitude, estações bem definidas tanto em frio como em calor - em outras palavras, se não houver pesquisa sobre as variedades existentes adaptáveis às diversas regiões e micro regiões brasileiras, dificilmente a sua cultura se desenvolverá de maneira produtiva e lucrativa aos produtores rurais.
Pelo que foi pesquisado até o momento, somente 5 estados brasileiros possuem capacidade de desenvolverem a oliveira com êxito: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Obviamente, são regiões específicas dentro desses estados onde a oliveira, que leva ao redor de 3 anos - após ser plantada - para produzir, mas é uma cultura perene, pois em países da Europa e Ásia existem exemplares da árvore que se suspeita terem ultrapassado a idade de algumas centenas de anos....
Ao produtor rural, pode-se dizer que se trata de uma cultivar com muito futuro, ainda mais quando se constata que o consumo brasileiro de azeite extra virgem e azeitona demonstra um aumento de consumo nacional superior ao norte americano. E o fato que mais chama a atenção é que para atingirmos a produção necessária, teríamos que cultivar oliveiras em uma área aproximada de 50.000 hectares quando - atualmente - plantamos em menos de 1.000 hectares!
Talvez a pergunta mais importante ainda não tenha sido feita - por que o consumo do azeite e da azeitona aumentam dessa forma no Brasil?
Creio que seja mesmo a convergência de vários fatores: nossa ascendência portuguesa embalada nos pratos que ficavam mais saborosos com azeite e azeitonas, a possibilidade de importação vinda com a implantação do Plano Real, a procura efetiva por óleos e alimentos mais SAUDÁVEIS (o azeite é uma gordura, mas uma gordura boa pois ela é monoinsaturada, além de produzir antioxidantes-tão importantes no esforço para evitar câncer), além de estar havendo certa competitividade de marcas estrangeiras provenientes das economias decadentes dos países vendedores e assim causando uma lenta diminuição dos preços internacionais tanto do azeite como da própria azeitona.
Longo caminho a oliveira tem ainda a percorrer pelo Brasil, porém há de se considerar que muita pesquisa deverá ser feita por aqui! E no nosso ponto de vista, tanto a Embrapa - a exemplo do já feito com soja/milho/trigo que possuem praticamente uma ou mais variedades para cada microclima da pátria - ela deveria se dedicar com muito muito mais afinco nesta exaustiva tarefa, e também incentivando os serviços estaduais de pesquisa para se dedicarem e esmerarem-se na pesquisa objetivando encontrar os melhores caminhos para o amplo desenvolvimento da oliveira que sem dúvida poderá tornar-se numa vocação para determinadas regiões, ou mais um desafio...