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O tamanduá-da-soja, Sternechus subsignatus



Dirceu N. Gassen

O tamanduá-da-soja, ou bicudo-da-soja é um besouro da família Curculionidae, cujo nome científico é Sternechus subsignatus e nativo no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia e citado desde a década de 60. O ciclo biológico completa-se em um ano, perfeitamente adaptado ao cultivo da soja. Os adultos emergem do solo a partir de meados de novembro e durante o mês de dezembro. Eles necessitam alimentar-se durante alguns dias, para desenvolver os músculos de vôo. Então, sendo capazes de voar, podem disseminar-se nas lavouras, por vários quilômetros. As fêmeas realizam a postura num orifício cavado na haste ou no caule das plantas sob a raspagem de ane-lamento. A larva desenvolve-se no interior do caule, provocando um engrossamento (calosidade) típico. A fase de larva completa-se no mês de março, quando descem ao solo, constroem uma câmara e entram em diapausa, permanecendo quase imóveis até o mês de outubro. Então, passam à fase de pupa que se completa em 3 a 4 semanas. Logo após, emergem os adultos, completando o ciclo biológico de um ano. O período de maior dano dos adultos ocorre a par-tir de meados de novembro e durante o mês de dezembro. Eles raspam o caule de plântulas de soja ou de feijão causando a sua morte e a necessidade de ressemeadura. O inseto sofrem forte influência de fenômenos climáticos. Períodos de seca em fevereiro ou março pro-vocam estresse nas plantas de soja e dificultam a alimen-tação da larva atrasando o ciclo biológico. Também im-pede o inseto de descer ao solo e de construir a câmara pupal, na qual passa a fase de diapausa larval e de pupa no período entre março e novembro. Períodos de estiagem ou de baixa umidade, em novembro ou dezembro, quando os adultos emergem, mantém os insetos no solo, dentro das câmaras pupais. Um a dois dias após a chuva (>20 mm), ocorre a emer-gência de adultos e danos severos em plântulas de soja ou de feijão, quando deverão ser controlados. O controle da praga com inseticidas é viável, ape-nas, para os adultos. Os ovos, as larvas e as pupas en-contram-se em locais na planta ou no solo, de difícil acesso com inseticidas, mesmo os de ação sistêmica ou de fumigação. Os inseticidas aplicados e expostos à radiação so-lar persistem por período inferior a uma semana podendo haver a necessidade de várias aplicações, tornando o controle, econômica e ecologicamente inadequado. A aplicação seqüencial de inseticidas causa a morte de ini-migos naturais e permite a erupção de populações eleva-das de lagartas e de percevejos nas lavouras de soja. A estratégia de manejo da praga preconiza a rota-ção de soja com milho, sorgo, girassol ou pastagens. Os adultos não se alimentam dessas plantas e movimentam-se caminhando em busca de leguminosas até as bordas da área infestada no ano anterior. Nessas bordas deve-se manter uma faixa (franja) de soja ou de feijão como cultura armadilha. A praga deve ser controlada, antes de desenvolver os músculos de vôo e de disseminar na lavoura. Recomenda-se controlar os adultos quando atingir o nível de dois insetos/m². Nas faixas com a cultura armadilha, poderão ser necessárias várias aplicações de inseticidas, para o controle dos adultos. Durante os meses de outono, inverno e início da primavera as larvas encontram-se em diapausa, no solo, junto à fileira de soja infestada da safra anterior. Para determinar a presença de larvas, basta raspar o solo com o auxílio de uma enxada, até chegar à camada adensada. As larvas de Sternechus encon-tram-se em câmaras pupais, em torno de 10 cm de pro-fundidade ou a 3 cm dentro da camada compactada de solo. A amostragem de larvas no solo no inverno e no início da primavera permite prever a população de adultos e a definir a necessidade de adotar estratégias de manejo e de controle. As larvas de Sternechus encontram-se em dor-mência numa câmara construída pelo inseto e apresen-tam coloração do corpo amarelada com cabeça distinta marrom. No solo ocorrem populações eleva-das de larvas de Pantomorus, com morfologia seme-lhante às da larva de Sternechus. As larvas de Panto-morus alimentam-se de sementes e de raízes, apresen-tam cabeça pouco diferenciada e de coloração seme-lhante à do corpo.

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