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O solo é vida, que precisa ser preservada


Amélio Dall’Agnol

O solo é um patrimônio, cujo valor depende da sua capacidade de oferecer um ambiente mais ou menos propício para o desenvolvimento das plantas.  Visto a olho nu, o solo parece um corpo inerte e sem vida. Nada, no entanto, é mais vivo do que um solo fértil. Os seres vivos que o habitam, embora em sua maioria invisíveis a olho nu, estão presentes aos milhões em cada centímetro cúbico de matéria. São invisíveis porque são minúsculos, daí serem denominados de micro-organismos. 

No entanto, para que esses micro-organismos sobrevivam no solo e desempenhem seu importante papel de dar-lhe vida, eles precisam da presença de água para sobreviver, de material orgânico para se alimentar e de ar para respirar. Para que isto aconteça, o solo precisa da presença de muita matéria orgânica, a qual confere maior capacidade de retenção de água das chuvas, dificulta a sua compactação e o deixa mais poroso. Solo poroso disponibiliza muito ar para a respiração dos micro-organismos e facilita o aprofundamento do sistema radicular das plantas. Se bem há microrganismos indesejáveis habitando o solo (fungos e bactérias, entre outros), a quantidade de micro-organismos benéficos é muito maior; incluindo fungos e bactérias benéficos.

O manejo adequado destaca-se entre as estratégias que conferem maior qualidade ao solo. Bem manejado, o solo não apresenta compactação, encharcamento ou erosão e plantas conseguem, em períodos de baixa precipitação pluviométrica, suportar deficiências hídricas sem perdas ou com perdas reduzidas. 

Os solos menos férteis do planeta são encontrados nas regiões tropicais, onde as elevadas temperaturas aceleram a decomposição da matéria orgânica, desfavorecendo o seu acúmulo e a vida dos micro-organismos. A formação de abundante palhada, com a rotação adequada de culturas, incrementa o índice de matéria orgânica no solo, o que promove a vida microbiana e a capacidade produtiva desses solos. Solos degradados, baixa produtividade e pobreza, caminham juntos.

Um passo gigante no manejo e conservação do solo no Brasil foi dado na década de 1970, com a adoção do Sistema de Plantio Direto na palha (SPD). Inicialmente, esse sistema caminhou muito lentamente, só deslanchando na década de 1990, ou seja, 20 após seu estabelecimento. O novo sistema, desde de que bem conduzido, incrementa o índice de matéria orgânica do solo e evita a erosão da camada superficial, a mais rica em nutrientes.

A lenta adoção do SPD durante os primeiros 20 anos deveu-se à desinformação sobre a nova técnica de cultivo, a falta de maquinários apropriados para o manejo da palhada e o desconhecimento sobre como manejar os herbicidas sob as novas condições de cultivo. Também, havia dúvidas dos produtores quanto às vantagens produtivas de utilizar a nova técnica, visto que a produtividade pode cair durante os primeiros anos de implantação do sistema (3 a 5 anos), para depois aumentar contínua e consistentemente. 

O monocultivo ou a repetição continuada de um sistema de sucessão, como soja-trigo ou soja-milho safrinha, degrada química, física e biologicamente o solo, com a consequente perda de produtividade no correr dos anos, além de incrementar a presença de pragas, doenças e plantas daninhas.

Quanto mais fértil um solo, mais rico em vida, cuja intensidade se traduz em mais produtividade.
 

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