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O ocaso do biodiesel (?)


Argemiro Luís Brum
Não é de hoje que o mundo vem procurando produzir energia alternativa ao petróleo. Já nos anos de 1970 o Brasil lançou o Proálcool, buscando produzir etanol à base de cana-de-açúcar. Tal prática acabou sendo um sucesso tecnológico, se viabilizando economicamente a partir de um barril de petróleo a US$ 30,00 no mercado internacional. Nos anos de 1980 a Europa e EUA colocaram em prática seus programas de energia alternativa. A União Européia buscando produzir biodiesel à base de óleo de colza (canola) enquanto os EUA passaram a fazer etanol à base de milho. Outros países do mundo seguiram este caminho, inclusive utilizando o trigo como fonte de etanol. Neste último ano, com o estouro dos preços mundiais do petróleo (o barril ultrapassou a US$ 105,00 no início de março de 2008), os programas ditos de biocombustível proliferaram mundo afora, com o Brasil lançando rapidamente um movimento para, além do etanol de cana, produzir biodiesel à base de soja e outras oleaginosas. Tal entusiasmo político, tendo uma lei obrigando a misturar um percentual de 2% de biodiesel no óleo de petróleo como respaldo, acabou impedindo, na maioria dos casos, um raciocínio elementar: além do domínio tecnológico, que ainda não temos integralmente, a proposta somente se viabiliza se o biodiesel for barato, isto é, competitivo. Assim, produzir etanol de cana e de milho é uma coisa. Produzir biodiesel de soja, canola, girassol e outras oleaginosas, é bem outra. Como resultado, apesar do preço do petróleo alcançar altas mundiais históricas, o aumento dos preços da soja e das outras oleaginosas continua inviabilizando a produção de biodiesel, particularmente de soja, que é uma oleaginosa que produz pouco óleo (18,5% apenas) em relação aos produtos congêneres.

 
Leia também O ocaso do biodiesel (?) (II)

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