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O ocaso do biodiesel (?) (II)


Argemiro Luís Brum

Assim, antes mesmo de começar, e dando razão aos nossos alertas, o Programa Nacional de Biodiesel pode estar afundando por falta de percepção desta realidade elementar. Para se ter uma idéia, os níveis atingidos pela cotação do óleo de soja em Chicago (acima de 70 centavos de dólar por libra-peso em alguns momentos deste início de 2008) elevam o preço da tonelada de óleo de soja, no mercado interno brasileiro, a quase R$ 3.000,00. Ora, um litro de óleo de soja custando ao redor de R$ 3,00 é impossível torná-lo competitivo, salvo se o governo decidir subsidiar o produto, como tem feito com o etanol de cana quando os preços mundiais não ajudam. No mínimo, o preço do óleo de soja para combustível deve chegar em R$ 2,00/litro para se viabilizar. Isto se o petróleo não baixar de preço e/ou se a Petrobrás continuar insistindo em não repassar os aumentos internacionais para os preços nacionais. Hoje, o litro de óleo diesel de petróleo, na bomba do posto, está em média ao redor de R$ 1,80 a R$ 1,90 no Brasil. Neste contexto, a maioria das usinas de biodiesel está parada ou trabalhando no vermelho há algum tempo. E falar de mamona e pinhão manso como alternativas para o sul do Brasil é desconhecer os entraves tecnológicos, além de econômicos, que tal proposta representa. Salvo algum caso muito isolado e que se torna a exceção para confirmar a regra. E isto, muito menos junto à agricultura familiar, já que a produção de biodiesel também requer escala. Pelo lado econômico, precisaríamos uma oleaginosa que possa ser plantada em grande escala e que fornecesse óleo barato, ao redor de US$ 700,00/tonelada, com uma produtividade entre 1.000 a 2.000 litros/hectare, para viabilizar tal programa tecnicamente (cf. Safras & Mercado). Estamos ainda longe disto!

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