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O econômico e o ecológico (II)


Argemiro Luís Brum

A análise global destes estudos, segundo pesquisador do INRA francês, conduz a conclusão de que o custo da tonelada dos dejetos de CO2 evitado, ao substituirmos o petróleo por energia verde, é muito superior ao que é recomendado. O mesmo atinge 300 euros para o etanol de origem vegetal, quando o preço de referência na França, por exemplo, é de 25 euros. Assim, o impacto ecológico do desenvolvimento projetado de agrocombustíveis é notável, porém, pelo lado negativo e não exatamente pelo lado positivo como se imaginava. Na França, o fato de usar áreas em pousio para produzir plantas ricas em biocombustível se torna incompatível com a biodiversidade, eliminando muitas plantas e pássaros que se beneficiam destas áreas livres. Por outro lado, em razão da má combustão, certos biocombustíveis poderiam conduzir a um aumento da emissão de gases poluidores na atmosfera, como seria o caso do protóxido de azoto. A colza/canola, por exemplo, porque absorve mal o adubo com azoto, ao ser utilizada como geradora de biodiesel, caso histórico na Europa, tende a provocar um aumento da poluição das águas. Já nos países tropicais, a produção de etanol da cana-de-açúcar ocupa áreas que poderiam se destinar a produção de alimentos assim como podem causar desmatamentos importantes. Na prática, o desenvolvimento dos biocombustíveis ocorreu, sobretudo, pelo interesse político em sustentar os produtores de grãos em dificuldades na Europa e nas Américas, já que os mesmos são atingidos pela redução de subsídios públicos. Faltou medir o impacto de tal decisão sobre os mercados de alimentos e a biodiversidade. Passados cinco anos do processo, os biocombustíveis têm enormes limites quanto as suas pretensas vantagens ecológicas e econômicas.

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