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O celeiro do mundo ou que passa fome?


Adelson Gasparin
O agronegócio brasileiro tem desempenhado importante papel quando o assunto é alimentar o mundo. Já são 185 milhões de toneladas de grãos produzidas anualmente por pequenos, grandes e médios produtores rurais espalhados pelos quatro cantos do país. Se falarmos em carnes, em 2012 foram aproximadamente 27 milhões de toneladas produzidas, as quais além do mercado nacional já abastecem mais de 140 países. Destaque ao mercado russo para as carnes bovina e suína e Japão para a carne de frango. Sem contar a grande contribuição da agricultura familiar na produção de hortifrutigranjeiros, que é responsável por abastecer diariamente os milhares de estabelecimentos comerciais brasileiros.
Há anos, o Brasil é visto como o celeiro do futuro, porque é um dos únicos países que pode duplicar ou, até mesmo, triplicar sua área de plantio sem desmatar. Isso mesmo! E o setor já teria avançado muito mais se não fossem os entraves vergonhosos que o setor enfrenta. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, todos os anos nos meses que antecedem o plantio, as atenções se voltam aos relatórios de intenção de plantio, que estimam a área destinada para cada cultura. O produtor norte-americano é quem realiza esta escolha de acordo com aquela que lhes parecer mais rentável. A questão é que, se aumentar a área de soja, diminuirá a área de milho, por exemplo, porque não há mais espaço para abertura de novas áreas.
E o detalhe, em caso de frustração de safra, o governo cobre a renda deste produtor, de acordo com as médias de produção dos cinco últimos anos anteriores. Ou seja, garante a sua estabilidade no campo, porque sabe da necessidade de se preservar o setor para garantir o sucesso do restante de sua economia. Experimente pedir há um produtor brasileiro quanto ele recebe do governo se perder totalmente sua lavoura de trigo em função de geadas ou excessos de chuva. Na melhor das hipóteses, se a lavoura tiver sido financiada, o subsídio irá custear o valor de seu financiamento nos bancos através do chamado Proagro.
Não é intenção de aqui comover ninguém, até porque o produtor brasileiro não está pedindo esmola, não quer ter que recorrer ao subsídio do governo para pagar seus financiamentos. Apenas quer condições dignas para ser o que todos esperam do setor no futuro. Mas como ser o celeiro do mundo se para registrar um novo defensivo de combate a ferrugem asiática é preciso aguardar até cinco anos nas mãos dos órgãos públicos? Isso representa estarmos cinco anos atrasados em tecnologia de controle de pragas no país. Por conta disso, os custos das lavouras são cada vez mais elevados.
Em relação ao movimento indigenista que assombra os produtores prefiro nem espichar no assunto. Embrulha o estomago. Mas apenas para reflexão, hoje no Brasil cerca de 115 milhões de hectares de terra já pertencem à união para alocação de pouco mais de 700 mil índios. E o governo segue permitindo que novas áreas produtivas sejam por eles ocupadas. Para comparação, o agronegócio utilizou 53 milhões de hectares com a produção de grãos na última safra. Em resumo, hoje o setor de grãos, carnes e hortifrutigranjeiros possuem menos área que os índios. Simples assim.
Por estas e outras razões que o agronegócio sofre. Com margens cada vez mais apertadas o produtor clama por políticas eficientes que retomem a confiança do setor. Nem preciso falar em infraestrutura logística. Cabe então a este governo frouxo e de postura covarde decidir se quer realmente ser reconhecido como o celeiro do mundo no futuro ou que famílias ainda sigam passando fome no seu próprio país. Porque até o momento, seu slogan de país rico, país sem pobreza não saiu do papel.

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