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O Brasil que esbarra em entraves socioeconômicos e políticos


Adelson Gasparin
Historicamente, o Brasil é carente de investimentos em setores essenciais socioeconômicos. Sem a intenção de falar da precariedade da saúde, transporte público e educação, o intuito hoje é novamente se ater ao setor que nos últimos anos carrega o país nas costas, sem desprezar os outros setores. São os números - PIB, geração de empregos, Balança Comercial. O agronegócio brasileiro sofre de asma. Falta o ar nos momentos mais críticos e as crises são frequentes. Perdoem-me os doutores se meu diagnóstico não está tão preciso. Talvez o agro brasileiro sofra de outras doenças. O fato é que por conta da ineficiência do governo, o setor enfrenta um dos piores momentos já vistos no que se refere à infraestrutura logística e de armazenagem.
Atualmente, armazenamos pouco mais de 70% do que produzimos e temos apenas 15% dos armazéns dentro da propriedade. Muito distante do país de primeiro mundo, os EUA, que possui capacidade estática de armazenar 130% da sua safra, ou seja, praticamente o dobro de nossa capacidade. E o mais importante, 40% destes armazéns estão na propriedade. Outra simples comparação está na matriz de transporte. Enquanto os produtores americanos escoam sua produção em média apenas 5% por rodovias, nós escoamos 53%. Em hidrovias transportamos cerca de 10%, onde os produtores americanos transportam 60%.
E os entraves não param por aí. A média de distância percorrida até os portos é semelhante entre os dois maiores produtores de soja mundial, cerca de 1.000 km. A diferença é que nos EUA menos da metade deste trajeto é feita por rodovia, o restante segue por barcaças ou trens. No Brasil, além de ineficiente, o transporte ferroviário é caríssimo, quase igual ao rodoviário, e os produtores do centro-oeste em especial percorrem até 2.000 km para chegar ao porto por rodovias precárias. E o pior, nos picos de safra, os caminhões se tornam armazéns sobre rodas parados em filas enormes na chegada aos portos. Para estarrecer, o custo deste transporte brasileiro é quatro vezes maior na comparação dos dois países. É mais caro transportar soja e milho do Mato Grosso para o porto de Santos, do que de Santos até os terminais portuários chineses.
Bem, o governo parece ter acordado para os diversos problemas brasileiros. Afinal, ano que vem tem eleição. E pelo visto "nunca antes na história deste país" teve-se tanta disponibilidade de dinheiro público para investimento no setor. O Plano Agrícola e Pecuário lançado recentemente é positivo. Promete financiar R$ 25 bilhões ao longo dos próximos quatro anos, destes, R$ 10 bilhões para armazenagem. Entretanto, me pergunto, quanto destes valores sairá do papel e quanto virará pizza?
De qualquer forma, a expectativa agora é que nossos impostos irão de fato aparecer em investimentos pesados aos diversos setores necessitados. Já que muito foi jogado fora em empréstimos ao ex-homem bilionário, também agora ex-homem mais rico do Brasil. Alias, é preciso destacar que os investimentos no Porto de Açu bem como da sua empresa de petróleo tem muito dinheiro do BNDES que poderá ir por água abaixo. Seguimos atentos.

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