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Instabilidade econômica do país e seus efeitos no agronegócio


Adelson Gasparin
Em meio ao momento ímpar que o Brasil vivencia, não há como iniciar os trabalhos no dia sem estar em pauta comentários a respeito das manifestações que vão de sul ao norte do país e o respaldo dos governantes. Uma coisa é certa, o povo descobriu a força que sua voz tem. Isso é democracia. É a vitória do povo, que não aceita mais fanfarras com o dinheiro público.
O Brasil também passa por um canal turbulento em sua economia o que segue gerando incertezas no mercado financeiro. Tal fato gera aversão ao risco por parte dos investidores e, consequentemente, queda nas principais ações da Bovespa, saída de capital estrangeiro do país, aumento nas taxas de juros, alta dólar, inflação, etc... Não necessariamente os fatos aconteçam nesta ordem, mas juntos confirmam a atual situação econômica do Brasil.
Em paralelo à instabilidade econômica do país, está o agronegócio brasileiro, que também sofre as consequências desta turbulência. Mas afinal, por que o agronegócio sofre, se os preços das commodities agrícolas são bons e o cenário mundial é positivo às exportações, além do que a alta do dólar combina maiores receitas?
Pois bem, primeiro é preciso ressaltar que o agronegócio não apenas faz referência à produção de soja, milho, e trigo. Em poucas palavras, a ele englobam-se todos os agentes comerciais que possuem ligação com a cadeia produtiva agropecuária e produzem e negociam alimento. Neste ponto é que a situação econômica faz sua maior interferência ao agronegócio.
O setor de carnes, por exemplo, já opera em sinal amarelo desde o início do ano. O problema é que de um lado os criadores encontram um dos maiores custos de produção da história. Os altos preços do farelo de soja e do milho, principais integrantes na dieta dos animais, deixam o produto final mais caro. Na outra ponta os consumidores, com menos poder de compra pela já notável inflação, não aceitam aumentos nos preços e reduzem seu consumo. Este vai e vem do mercado torna muitíssimo apertada a margem de lucro dos integrantes deste elo da cadeia.
No caso das farinhas, a preocupação é muito semelhante. Os produtores de farinha e derivados encontram um quadro crítico de oferta de trigo em nível de Mercosul e precisam manter o abastecimento à sua rede de clientes. O agravante é que para não haver resfriamento no consumo, o aumento dos custos de produção não tem sido totalmente repassado à gôndola dos supermercados. Neste caso, a margem de lucro dos agentes ao longo da cadeia está comprometida.
Estes fatos são apenas alguns exemplos da complexidade de uma economia e seus reflexos sobre os elos produtivos em meio às turbulências do setor financeiro. Nossos pais conhecem como ninguém os efeitos de uma economia em desequilíbrio, sobre tudo com inflação e com a moeda desvalorizada. Esperamos que os governantes consigam manter a confiança econômica do país e contornem este início de turbulência financeira. É o que se espera de um Brasil que agora voltou a ter povo com voz e opinião formada sobre os rumos do país.

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