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Futura safra de verão: dificuldades econômicas (Final)


Argemiro Luís Brum

Se a realidade econômica da futura safra de soja é difícil, como vimos no comentário passado, a do milho é ainda pior. Em Chicago, a cotação do bushel do cereal, na média dos primeiros 15 dias de outubro/23, ficou em US$ 4,90, contra US$ 6,85 um ano antes. Um recuo de 28,5% ou quase dois dólares. E considerando as tendências de produção no mundo, salvo eventos extraordinários, dificilmente as cotações do cereal irão se recuperar.

Em tal contexto, em meados de outubro/23 o preço médio do saco de milho, ao produtor do Rio Grande do Sul, por exemplo, estava em apenas R$ 52,74. Um ano antes, o preço médio gaúcho era de R$ 83,41/saco, e dois anos antes o mesmo era de R$ 90,28. Ou seja, nos últimos 12 meses o preço do produto recuou pouco mais de 36% e, em relação há 24 meses, a queda é de pouco mais de 41%. Em paralelo, os custos de produção dispararam. Tomando-se a região de Campo Novo do Parecis (MT), dois anos atrás o preço médio do saco de milho foi de R$ 81,00.

No ano passado, em meados de outubro, tal preço já havia recuado para R$ 65,00. Atualmente o mesmo está em apenas R$ 35,00/saco. Ou seja, em relação há dois anos, o recuo foi perto de 57%, e em relação ao ano anterior o mesmo é de 46%. Por sua vez, segundo o Imea, a safra mato-grossense de milho, 2023/24, teria sido 7,3% mais cara do que a anterior. O custo total de um hectare teria chegado a R$ 6.018,43. Assim, apenas para pagar o Custo Operacional Efetivo, que teria sido de R$ 5.114,26/hectare, o produtor mato-grossense precisaria comercializar a atual safrinha de milho a R$ 48,82/saco. Ora, encerrada a colheita da mesma, o preço médio do milho estava em R$ 34,68/saco.

Como não houve mudanças significativas na produtividade projetada, o prejuízo é certo. No Rio Grande do Sul, onde tem-se apenas a safra de verão, o custo total para a safra 2022/23 foi de R$ 60,00/saco para as lavouras de alta tecnologia, com plantio direto, segundo a Conab (o custo variável atingiu a R$ 51,66/saco). Em abril do corrente ano, quando a colheita estava se encaminhando para o final, o preço médio recebido pelo produtor gaúcho foi de R$ 66,48/saco, recuando fortemente na sequência. Além disso, os produtores gaúchos perderam cerca de 40% da safra devido à seca, o que deixou a situação definitivamente insustentável.
 

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