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Futura safra de verão: dificuldades econômica (I)


Argemiro Luís Brum

Se, por um lado, o clima tende a ser favorável para a nova safra de verão do sul-brasileiro, por outro lado, os resultados econômicos da mesma preocupam. No caso da soja, o seu preço é formado especialmente pelas cotações em Chicago, o câmbio e o prêmio no Brasil. Ora, na comparação com outubro/22, o bushel em Chicago perde, atualmente, 7,2% em termos médios.

Quanto aos prêmios nos portos brasileiros, tomando Paranaguá (PR) como referência, no mesmo período, o recuo é de 89,4%, lembrando que o indicativo para março/24 é de US$ 1,15/bushel negativo. Enfim, o câmbio no Brasil, depois de ter chegado perto de R$ 6,00/dólar na virada de 2021 para 2022, recuou para níveis de R$ 4,80 no primeiro semestre de 2023, estando em R$ 5,08 no final da primeira quinzena de outubro de 2023. Com isso, os preços nacionais da soja recuaram fortemente. A média gaúcha, no início de outubro do ano passado, era de R$ 169,56/saco.

Passados 12 meses, a média caiu para R$ 134,81, após ter chegado a R$ 120,00 em alguns momentos do primeiro semestre de 2023. Ou seja, em termos médios, um recuo de 20,5% no período. No restante do país, o recuo médio fica ao redor de 24,5%. E, se vier safra cheia, em condições normais os preços tendem a recuar mais. Ao mesmo tempo, os custos de produção recuaram, porém, proporcionalmente bem menos.

Para 2023/24, tomando-se como exemplo o Centro-Sul do Paraná, o custo total calculado para um hectare de soja é de R$ 10.590,00, contra R$ 11.170,00 um ano antes. Levando-se em conta a produtividade média regional, a receita bruta desta nova safra ficaria em R$ 8.200,00/hectare, contra R$ 9.800,00 um ano antes (Cf. Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas do Sistema FAEP/SENAR-PR).

Assim, enquanto o custo total recuou 5,2%, a receita bruta caiu em 16,3%. Esta situação se repete, com diferenças de valores, em todo o país. Confirma-se que, no médio prazo, de nada resolve uma disparada momentânea de preços do grão, pois os custos de produção sobem até mais. Posteriormente, os “preços descem de elevador e os custos de escada”, gerando perdas acumuladas que, com o passar do tempo, são maiores do que os ganhos anteriores. E, se no meio ainda há quebras significativas de safras devido a secas, caso do Rio Grande do Sul, o quadro se agrava decisivamente. 
    
 

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