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Estados Unidos no centro das atenções


Adelson Gasparin
Desde o final do primeiro semestre quando o excelente estado das lavouras norte-americanas de soja passou a ser depreciado pelo clima mais severo, um grande prêmio de risco voltou a precificar o mercado. O plantio da safra norte-americana também foi muito conturbado, com atraso de mais de trinta dias em algumas regiões produtoras. O clima frio e seco foi o vilão do produtor e ajudou a impulsionar um novo movimento de recompra em Chicago, na época. Não o bastante, o mês de setembro iniciou com o registro de enchentes sobre as lavouras chinesas e maior estresse hídrico nas lavouras dos Estados Unidos.
Parece brincadeira de esconde-esconde. Se a notícia do dia é de clima bom, o mercado cai; se não choveu, é alta quase certa na bolsa. Se tiver estoque final, mercado em baixa; do contrário, mercado sobe. Assim tem sido após as duas últimas quebras de safra do continente americano. E a razão é simples: o temor de um desabastecimento alimentar é enorme e somado à demanda crescente não só no continente asiático, mas em todo o mundo. Com este contexto atual no cenário mundial, qualquer faísca gera explosão no mercado.
Nesta primeira semana do mês o nervosismo dos agentes foi grande com o sobe e desce da bolsa, principalmente, por parte dos fundos especuladores que apostam alto no mercado de commodities agrícolas e, claro, influenciam e muito o mercado tanto para subir quanto para cair. Sobre tudo quando o mercado está altamente versátil, é um prato cheio para estes agentes. Contudo, a cada dez palavras dos analistas, uma é clima e outra Estados Unidos.
Para os produtores brasileiros e argentinos as atenções não são diferentes. O foco é o desenvolvimento da safra norte-americana e como diz o ditado, a doença das ovelhas é a saúde dos cachorros. No Brasil, com a valorização de 20% nas cotações em Chicago no mês de agosto, os preços da oleaginosa atingiram o patamar mais alto do ano. A elevação de cerca de 5% do dólar frente o real no mesmo período, também auxiliou para que as cotações ficassem ainda mais otimistas na venda do produto.
O resultado foi visto nas exportações. Conforme divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior, os embarques da oleaginosa somaram 5,37 milhões de toneladas no mês de agosto. Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume mais que dobrou. Ao que tudo indica, o Brasil pelo segundo ano consecutivo estará à frente dos EUA como maior exportador mundial do grão. Até o momento 37,2 milhões já foram embarcadas e a expectativa dos agentes é que se alcance a marca histórica de 40 milhões de toneladas na temporada.
Por fim, é preciso atentar para a proximidade da colheita americana, que a partir da segunda quinzena do mês já deverá apresentar os primeiros índices concretos de produtividade. Outro ponto é que a produção do país já pode ter sido precificada pelo mercado em 85 milhões de toneladas. Dessa forma, o sentimento dos analistas é de que as cotações poderão ser revistas à medida que a colheita evolua. Até lá de olho no dólar e de olho no clima.

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