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Doenças “secundárias” na cultura da soja


Instituto Phytus
O Brasil cultiva atualmente cerca de 30 milhões de hectares com a cultura da soja, que ainda possui como principal desafio fitossanitário o controle da ferrugem asiática. Por se tratar da principal doença da cultura, a ferrugem asiática tem determinado as práticas de manejo empregadas para controle de doenças em soja, como a escolha de cultivares, momento de semeadura, fungicida e número de aplicações. Entretanto, esse cenário faz com que outras doenças, comumente referidas como secundárias, sejam ignoradas durante o ciclo de cultivo.
Nas últimas safras, técnicos e produtores têm relatado que a ocorrência de doenças em hastes de soja tem aumentado, porém, geralmente não são feitas análises para determinar quais são os patógenos envolvidos nesse processo. Sabe-se que existem diversas doenças capazes de atacar hastes de soja, sendo algumas muito conhecidas, como o mofo branco e a antracnose. A ocorrência de algumas doenças, por outro lado, tem sido ignoradas, assim como seu efeito sobre a produtividade e qualidade de sementes para as condições brasileiras. Um bom exemplo disso é o complexo Diaporthe/Phomopsis, cuja ocorrência em lavouras de soja tem sido endêmica.
A análise de hastes e sementes de soja oriundas de áreas comerciais tem revelado que a incidência de Diaporthe/Phomopsis é muito maior do que se imagina. Experimentos realizados com Diaporthe phaseolorum var. sojae, que é o patógeno causador da seca da haste e da vagem, demonstraram que essa doença tem potencial para reduzir a produtividade da cultura da soja e pode comprometer a qualidade em áreas de produção de sementes, especialmente se as condições no período de colheita forem quentes e úmidas.
O manejo da seca da haste e da vagem passa pelo emprego de diversas práticas de forma conjunta, sendo a utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas e tratamento de sementes as de maior impacto sobre o desenvolvimento da doença. Outras práticas, como espaçamento entre linhas e aplicação de fungicidas, também tem efeito sobre a patogênese.
A conjuntura atual da sojicultora mundial exige que o Brasil produza mais a cada safra e exige que erros de manejo sejam minimizados. Dessa forma, ainda que a ferrugem asiática deva merecer atenção especial, não podemos deixar de lado as demais doenças e assim permitir que passem a limitar a produtividade da cultura.



Figura 1. Sintomas e sinais da seca da haste e da vagem em hastes de soja.
Nédio Rodrigo Tormen
Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre em fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é doutorando em fitopatologia por essa Instituição e colaborador do Instituto Phytus na área de fitopatologia, com pesquisas concentradas nas culturas da soja, milho e algodão.
 

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