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De que depende a nossa Defesa Nacional?*


Roberto Paschoali

A revista The Economist publicou o "The Economist commodity price index". A análise deste indicador nos revela que, em valores denominados em dólares, até meados de agosto, houve uma queda de 5% nos preços das principais commodities no mercado mundial em relação ao seu pico em maio deste ano. Contudo, mesmo com esta queda, os preços ainda permanecem 17% maiores quando comparados ao início deste ano.

Será que este é o sinal do começo do apocalipse que muitos economistas e especialistas vem apregoando em relação a uma queda nos números da balança comercial do Brasil?

Felizmente, em nossa opinião, a resposta é não. O indicador só está nos alertando que o ciclo das grandes altas de preços das principais commodities (o petróleo é uma exceção)  parece que chegou ao fim, mas nada indica que eles sofrerão quedas expressivas daqui por diante. E quais são as razões?

Primeiro, porque embora a economia mundial no próximo ano não terá o mesmo desempenho em termos de crescimento econômico que teve até agora. A mesma revista nos traz uma lista contendo projeções do PIB de todos os países emergentes para 2007 e o que vemos é um crescimento menor generalizado em relação às projeções para este ano, mas nada que possa trazer sobressaltos para a economia mundial. Segundo, porque a economia chinesa continuará crescendo a 9% em 2007 contra uma projeção para este ano de 10.1% e, terceiro, porque o mesmo se pode dizer dos países desenvolvidos.

Os índices de preços ao consumidor também estarão bastante comportados de acordo com as projeções para o próximo ano, até mesmo nos Estados Unidos onde a inflação, que em julho deste ano beirou o patamar de 4.1%, espera-se que caia para 2.1 % em dezembro de 2007. 

O Brasil continuará se beneficiando desta normalidade econômica mundial mesmo porque os números que o país vêm apresentando ao mercado são inteiramente tranqüilizadores: os índices inflacionários mostram uma inflação abaixo da meta para este ano e o real não pára de se valorizar frente à moeda americana. Isso nos permite concluir que ainda existem espaços para o Banco Central continuar o processo de redução gradual da taxa de juros interna.

No front externo, a balança comercial continua satisfatoriamente superavitária, os dados em transações correntes, até agora, se mantêm em níveis totalmente conformados com as expectativas do governo e do mercado e, finalmente, o volume das reservas internacionais do Brasil (US$ 70 bilhões) é o maior desde 1998. Muitos economistas já estão fazendo contas e chegando a conclusão de que é muito caro para o Brasil manter esses níveis altos de reservas internacionais. O fato é que, como bem disse e economista Igor Barenboim, não tê-las poderia ser ainda caro.

Nunca se pode saber quando virá a nova crise cambial, temos que estar preparados para combatê-la. Se a sociedade entende que é necessário manter um exército, marinha e uma força aérea para defender o território e o povo brasileiro, deveria entender também que não existem justificativas razoáveis para deixar de arcar com um certo custo para defender nossa moeda de ataques de um inimigo verdadeiramente perigoso: os especuladores.

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