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Como vai a Tecnologia de Aplicação Aeroagrícola?


Jeferson Luís Rezende
Neste mês de janeiro, voltando das minhas férias na praia, via Rio Grande do Sul, observei que em algumas regiões agrícolas tradicionais: Lagoa Vermelha e Passo Fundo, nas lavouras de Soja havia muitos “riscos” de equipamentos terrestres.
Não é preciso lembrar que estou falando de uma região que sempre foi o berço da AVIAÇÃO AGRÍCOLA, referência de uso da aplicação aérea.
Mais adiante, quando já estava em casa, no Paraná, lendo o último exemplar do AgAirUpdate, me dei conta de já faz um bom tempo que não vemos  matérias sobre Tecnologia de Aplicação Fitossanitária que envolva questões importantes, como: o melhor tamanho de gotas para uma determinada aplicação; regulagem de Equipamentos-atomizadores ou bicos; dentre outros assuntos pertinentes.
Nunca tive dúvidas com relação a eficácia dos serviços aeroagrícolas, mas, sempre questionei de maneira construtiva, questões relacionadas ao uso do melhor Equipamento e de Regulagens adequadas para os diferentes tipos de Culturas e regiões (com uma topografia mais ou menos acidentada), de maneira a contribuir com a construção de uma Cadeia Produtiva Aeroagrícola cada vez mais forte, dinâmica e popular.
Trabalhamos junto com o Professor JADOSKI em vários projetos e atividades,  no Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná – NATA/PR, vinculado à UNICENTRO em Guarapuava, em busca de algumas respostas relativas a estas indagações... porém, como são trabalhos específicos, pontuais, e que demandam algum tempo para dar respostas, sempre sentimos a necessidade de maior entrosamento e apoio por parte dos Órgãos Públicos e Privados ligados ao segmento aeroagrícola.  
O fato é que a cada ano que passa, embora o mercado para serviços de pulverização aérea cresça a passos largos, as Empresas Aeroagrícolas não conseguem absorver na mesma medida isso tudo, e em algumas regiões até, acabam fugindo do trabalho por falta de informações técnicas.
A falta de treinamento e de reciclagem periódica para os seus colaboradores, em particular para os seus Pilotos, é sem dúvida alguma um gargalo a ser vencido. Isso ocorre também dentro do setor terrestre, porém, neste caso como há maior presença e quantidade de agrônomos no campo, sente-se menos.
Tenho repetido ao longo dos anos que o mercado de aviação agrícola brasileiro não cresce na medida do esperado, e do possível, em relação ao que vem crescendo a produção agrícola nacional, basicamente por dois motivos: falta de administração profissional das Empresas, que precisam enxergar e entender os anseios do seu cliente (o produtor rural), como ele deseja; e, falta de aperfeiçoamento contínuo dos envolvidos na labuta do dia-dia (massificação das tecnologias de aplicação disponíveis no mercado), principalmente dos Pilotos.
Continua existindo muita dúvida tanto dentro como fora do setor aeroagrícola, em relação a questões simples, como:
- melhor volume de vazão;
- melhor tamanho de gotas, e como fazer para obtê-las;
- necessidade ou não do uso de óleo ou de outros adjuvantes;
- melhor tamanho de faixa para uma determinada aplicação.
São dúvidas que na prática interferem no relacionamento Empresa-Cliente, e na imagem da atividade como um todo. A partir delas, muitas vezes, o mercado acaba optando pela aplicação tratorizada, como se esta fosse “muito” melhor do que a aérea.
Já ouvi de gente graúda... agrônomos altamente técnicos e com grande experiência coisas do tipo: “a aplicação do fungicida no Milho deve ser antecipada um pouco, na medida do possível, para que seja realizada com um Autopropelido. Desta maneira, haverá melhor cobertura!”
Certamente que isso acaba refletindo no mercado, obviamente de maneira negativa para a aviação agrícola.
Afinal... quem é que disse, ou provou, que a aplicação tratorizada é melhor do que a aérea... ou que oferece uma maior cobertura sobre a cultura ?????
Nós que labutamos de uma maneira ou de outra na aviação, sabemos que não é isso, e que o tratamento aéreo é tão ou mais eficiente do que o terrestre; mas, não conseguimos demonstrar isso lá fora, infelizmente.
Por quê? Bem, porque não nos entrosamos de maneira adequada com as Fundações de Pesquisas... com os Departamentos Técnicos das Cooperativas... com os Agrônomos das Revendas de Defensivos, e das Indústrias Químicas... e, ainda, porque as vezes, alguns Pilotos e Empresários Aeroagrícolas falam grandes bobagens por aí em relação a tecnologia de aplicação.
Repito: tenho visto desde Pesquisadores, passando por bons Agrônomos... até na ponta, o Agricultor, falando de coisas que eles na prática não conhecem em relação ao tratamento aéreo. E isso é algo que precisa ser revertido sob pena de vermos outras regiões-referência como o noroeste gaúcho, trocando os aviões pelas máquinas terrestres por dúvidas, ou simplesmente, pela falta de informação técnica.
Concomitante a isso tudo, nunca é demais lembrar que o meio agrícola se tornou nos últimos anos um laboratório tecnológico fantástico em contínuo processo de mutação e desenvolvimento. Isso que dizer que os Pilotos e Empresários Aeroagrícolas devem se manter atualizados permanentemente... todo o tempo, o tempo todo!
Acabou aquele discurso, muito comum no meio, do tipo: “aprendi a voar assim... meu padrinho voava assim... sempre deu certo; a empresa está ganhando dinheiro, então não vamos inventar coisas...”

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