A Argentina vive novamente um momento de crise econômica. Todavia, seu problema era anunciado há tempo! O país não soube realizar a transição de um câmbio fixo para o câmbio flutuante, e muito menos perseverar no ajuste fiscal para manter a estabilidade da economia. Após o choque do rompimento do chamado Plano Cavallo os governos locais, a partir de 2001/02, se sucederam em políticas populistas, no velho estilo peronista, esquecendo mais uma vez de que os gastos descontrolados de hoje comprometem os investimentos e a sobrevivência de amanhã. Na prática, o problema iniciou com o estabelecimento de um controle inflacionário, em 1991, centrado em um câmbio fixo determinado por decreto-lei. Este sistema permite reduzir a inflação e é um bom aliado no curto prazo, porém, não pode ficar engessado como ficou. Em segundo lugar, as reformas de ajustes no Estado não foram feitas, fato que impediu os argentinos de corrigirem os gastos públicos e adequarem sua economia à nova realidade do país e do mundo. Assim, o país não estava preparado o suficiente para gerir uma situação de desvalorização cambial que, mais dia menos dia, ocorreria. Em 2001 o processo se iniciou, deixando-o à mercê de idéias fáceis. A ascensão de Kirchner ao poder e sua decisão de promover um calote na dívida externa acabou sendo a pá de cal no sistema. Para muitos tal decisão pareceu um ato de soberania. No entanto, acabou se revelando, como realmente o era, um ato de quase insanidade econômica diante das necessidades do país. Sem crédito externo para alavancar sua reconstrução pós-desvalorização do peso e conseqüente crise política que se seguiu, o governo local optou pela emissão de moeda e aumento da liquidez interna sem controle. O resultado foi outro engano: um crescimento econômico anual elevado.
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