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Ano Novo, novas perspectivas para o agronegócio


Safras & Cifras
 
Bernardo Kiefer
Carlus Boemeke
Manuela Sallis
 
O ano que se encerra, sem sombra de dúvidas, será lembrado para sempre na História do Brasil. Este 2015 retrata um dos momentos de maior instabilidade dos últimos tempos, sendo que todos os setores econômicos e classes sociais se encontram temerosos diante das incertezas causadas pela crise política, econômica e social.
Todo fim de ano é uma oportunidade de repassar os fatos positivos e negativos, apontar o que deu certo e o que não deu, traçar novos objetivos e criar expectativas para o futuro. Nessa perspectiva, chamam a atenção aqueles que têm a responsabilidade e a coragem de tocar o próprio negócio, ainda mais em um contexto de crise e de intempéries naturais jamais vistas.
É incontestável que os fatores externos estão em constante conflito com o equilíbrio do agronegócio. No entanto, existem medidas que possibilitam lidar de forma lúcida e eficiente com os problemas, superando os obstáculos e caminhando firme à prosperidade. O que não se deve esquecer jamais é a importância da estabilidade familiar como um todo, para que o negócio esteja saudável e apto a resistir aos fatores externos que o atormentam.
Assim sendo, encerra-se este ano com a certeza de que são tempos de refletir e projetar o futuro e a sustentabilidade do empreendimento familiar, para que este, em 2016, independentemente do que vier a enfrentar, esteja preparado para seguir seu rumo ao crescimento, desenvolvimento e lucratividade. 
Enquanto vivemos um turbilhão de incertezas políticas, economias e mesmo naturais, assistimos à vizinha Argentina dar um importante passo rumo ao fortalecimento da sua economia, criando grandes expectativas de uma competitividade acirrada no mercado externo de produtos do agronegócio. É certo que esse cenário está diretamente relacionado ao Brasil e, no mínimo, exigirá dos nossos produtores e de todos que trabalham direta ou indiretamente no agronegócio uma ação atenta, conjunta e bem direcionada, para que mantenhamos unidade, escala e crescimento individual do negócio de cada família, fortalecendo o agronegócio como um todo.
Toda crise gera uma oportunidade de crescimento. Mas como, então, em meio a um mercado competitivo, tomar as iniciativas corretas e mais seguras para que o esforço se converta em sucesso? Seguramente, não há uma garantia de que todo e qualquer esforço resultará em crescimento. Existe uma série de elementos fundamentais e passos certos a serem adotados. O principal, em se tratando de agronegócio, é haver uma relação sólida, cristalina e forte entre os membros da família empreendedora, de forma que todo o esforço se concentre nos mesmos objetivos, visando resultados de um trabalho em conjunto, com liderança, organização, seriedade, comprometimento e união.
Observando friamente, temos a crise, a competitividade e a tão falada oportunidade de crescimento, além do exemplo da Argentina, que, após anos de uma crise que assolou todos os setores do mercado, resolveu mudar e elegeu um novo governo, que promete dar maior abertura e mais condições para o crescimento do país. Mas, então, temos uma crise interna que afeta a todos os setores da economia; há a competitividade do mercado externo, batendo à nossa porta. E a pergunta que não quer calar é: "O que faremos?".
É consabido o fato de que o agronegócio tem suas raízes fundadas na família, onde os valores e costumes de cada núcleo tendem a influenciar nas direções do trabalho. A exploração rural se dá, na maioria dos casos, mediante a utilização das pessoas físicas que concentram custos, maquinários, implementos, financiamentos e toda a movimentação necessária para a sua manutenção. Essa estrutura, por mais simples que pareça ser, acaba por deixar em aberta uma lacuna fundamental para a sobrevivência e continuidade do agronegócio: a organização societária. 
Seguramente, a ausência de uma organização prévia pode ser causa determinante do rompimento da unidade do negócio, impedindo-o de transpor as gerações da família, barrando, também, o tão sonhado crescimento e, consequentemente, a competitividade.
Cabe dar início a uma conscientização de que a preparação organizada da sucessão familiar é a principal e mais forte aliada da unidade e da força do agronegócio. Em meio a tudo que se vivencia no país e no mundo, resta claro que quem permanece inerte e retraído acaba por ser derrubado pela crise, seja ela interna, seja externa. Devemos trabalhar sempre pensando em união da família, soma de esforços, estratégias, conhecimento, técnicas e cumplicidade entre os membros. Para isso, existe a organização na forma de uma empresa, onde família, patrimônio e negócio são separados, fazendo com que os membros passem de familiares a sócios, com uma visão profissionalizada dos avós, pais, filhos, irmãos e primos sobre o negócio. Com a criação dessa empresa, trazemos uma segurança não só societária, mas também jurídica, através de regramentos previstos em lei, os quais serão formalizados em instrumentos que garantirão que as regras e os acertos entre os membros da família sejam cumpridos e preservados. 
Essa organização permite que a empresa tenha condições, a qualquer tempo, para enfrentar os desafios que o mercado impõe, evitando ou minimizando ao máximo os desgastes internos da família. A exemplo disso, tem-se a unidade do patrimônio garantida em contrato, o que evitará a divisão de terras por saída de um membro da sociedade, fazendo com que esta possa pagar ao retirante os seus haveres sem, contudo, deixar que isso afete a rentabilidade e a escala do negócio.
Aliado a isso, visando a longevidade da empresa, tem-se a inserção dos sucessores no negócio de forma profissional, ordenada e preparada, mediante previsão por meio de regras de entrada, fazendo com que a descendência não seja o único e determinante fator para o ingresso e ocupação de um cargo na gestão da empresa familiar.
Não obstante a criação e o cumprimento de regras societárias entre os familiares, é preciso também ressaltar a importância de uma preparação para eventuais fatores que possam vir a acometer o andamento do negócio. Para tanto, existe a possibilidade da criação de um fundo de reserva, onde será depositada uma quantia específica (parte do lucro obtido na produção), para que haja a disponibilidade de um recurso financeiro em caso de frustração de safra ou até mesmo para eventuais necessidades particulares da família.
Há uma vasta gama de possibilidades, estratégias e formas de organização para que se concretize uma proteção patrimonial com fortalecimento e preparação do negócio familiar para enfrentar qualquer intempérie. Entretanto, o que mais importa  - e é fator sem o qual nenhuma dessas medidas pode ser possível - é a vontade das famílias de permanecerem unidas em prol do seu bem maior, de onde provêm seu sustento e como deixam sua marca no mundo.
Em tempos de crise ou não, o crescimento e o desenvolvimento do seu agronegócio será sempre o melhor aliado para a continuidade, estabilidade financeira e, principalmente, harmonia familiar. Que venha 2016. Estaremos preparados e caminhando lado a lado rumo ao sucesso.
 
Bernardo Kiefer
[email protected]
Carlus Boemeke
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Manuela Sallis
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