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Altruísmo, nova competência humana em RH


José Osvaldo Bozzo
Alguém pode estar se perguntando o que seria um altruísta. O altruísta é justamente o que o mundo corporativo de negócios busca atualmente: uma combinação de alguém que tem o poder de aprender e perfilar as necessidades pessoais de cada um, sabendo exatamente qual a dose correta para balancear nossas atitudes, qual seja, dar de si ou dar para si. O bom senso na vida profissional e o equilíbrio emocional é que irão pautar nossas atitudes no que diz respeito ao ato de dar e ao de receber, pois em certas ocasiões embaraçamos nossas aspirações verdadeiras entre o desejo de dar com a nossa capacidade real de poder oferecer.


Conhecer a riqueza de nosso potencial, seja ele técnico ou comportamental – e o melhor aqui é o equilíbrio –, dar valor a nós mesmos, não querer dizer que nos orgulhamos de nossas atitudes, isto é, refletir que temos mais valor que os outros, mas, sim, reconhecer que temos algo para dar.

O mercado tem vivenciado nos últimos tempos uma severa falta de profissionais qualificados para que possam atuar em determinados setores da economia. Mesmo assim, tem-se percebido uma exigência bastante contundente por parte das companhias, não só no que se refere a questões de ordem técnica, mas, principalmente, de ordem comportamental.

A postura que se busca no mercado contemporâneo dos negócios é, principalmente, a conduta do profissional, a tal ponto de se exigir que o mesmo tenha flexibilidade na forma de se interagir, na sua maneira de se vestir, de se apresentar, etc... A integridade, inteligência, competência para trabalhar sob pressão (e aí entra a questão da administração de eventuais conflitos), a capacidade e facilidade de se trabalhar em equipe são credenciais, portanto, fatores e características cruciais, independentemente do cargo que se pretenda ocupar, tanto para a ascensão profissional, quanto para a efetivação de novas oportunidades. Esses fatores mostram-se, cada vez mais, como o grande vilão para o descredenciamento do profissional para aquilo que ele fora submetido.

Importante que as pessoas tenham em mente que, embora o “talento nato” tenha grande impacto na busca de algum emprego ou novas oportunidades, é necessário “aprender a buscar o talento”. Isso requer sacrifício, e só acontece quando vamos à busca de novos desafios. Desafios que estão muito mais ligados ao ambiente comportamental que ao técnico. Temos de estar preparados para eventuais surpresas e novas oportunidades, ou seja, estar prontos para alçar novos desafios em busca de novos horizontes e novas práticas. Do contrário, seremos castigados pela nossa própria incompetência, que é a de não avaliar nossas próprias atitudes num ambiente em que, cada vez mais, tornam-se imprescindíveis estas exigências.

Estatisticamente, e as consultorias de Recursos Humanos têm dito isso, há certa perversidade na contratação de profissionais, e isto já vem mudando drasticamente, pois o mercado de trabalho o tem exigido. Explico. Há empresas extremamente preocupadas em contratar nobres profissionais, tipo daqueles que estudaram em universidades públicas ou ainda que fizeram MBA no exterior, e por aí vai. Na contramão disso, há outras empresas, em menor número, que prosperam e buscam contratar talentos, ou seja, pessoas com maturidade pessoal e com perfil direcionado muito mais ao seu comportamento do que a sua qualificação técnica.

Recentemente escrevi um artigo sobre a questão da sustentabilidade corporativa das empresas do setor sucroalcooleiro. E isto está literalmente ligado à questão que aqui abordamos. Se há a necessidade da sustentabilidade corporativa, é porque há de haver, antes de tudo, a sustentabilidade laboral, onde os profissionais se empenham cada vez mais na busca do empreendedorismo.


Certa vez li um livro do Consultor Antoninho Marmo Trevisan, “Empresários do Futuro”, que dizia que o grande e futuro profissional devem procurar fazer não o que gosta, mas sim o que o mercado deseja. Claro que isso requer talento técnico, mas muito mais talento comportamental para aceitar esta condição. Aqui está: os grandes gestores serão os verdadeiros empresários do amanhã.

Um exemplo, voltando à questão da sustentabilidade corporativa do setor sucroalcooleiro, num ambiente de empresas que foram e que muitas delas ainda são administradas por famílias, há de haver urgentemente uma inversão de gestão onde os antigos administradores darão lugar a grandes executivos profissionalizados. A missão daqueles será a de cobrar resultados e resgatar a autoestima do setor que, certamente, caminhará de forma proativa na condução de novos horizontes e, principalmente, guiados por novos talentos.

Em grandes firmas, percebe-se uma sintonia bastante equilibrada onde todos os profissionais vieram para agregar valores ligados tanto à sabedoria, e isso requer comportamento ético, quanto a suas experiências técnicas adquiridas. Tais virtudes somadas dão o tom da velocidade em que as empresas têm crescido nos últimos anos.

O fato é que as coisas estão mudando e pra melhor. O Brasil chegou lá, mais forte, mais desenvolvido, mais agressivo e eficiente. Estamos avançando e nos aperfeiçoando cada vez mais no amadurecimento de novos negócios. Precisamos melhorar nossas expertises no quesito profissional, dando prioridade maior a quem quer enfrentar desafios, combinando comportamento e conhecimento técnico. Meio a meio de cada está de bom tamanho.

Enfim, as mudanças estão ocorrendo, a modernização é pujante, a profissionalização também, e isso, certamente trará alterações profundas aos mais diversos setores da economia. Ambiente favorável é o que não nos falta. Temos uma agricultura forte, um clima excepcional, somos um dos maiores produtos alimentícios do mundo. Estamos em uma situação mundial bastante favorável em termos econômicos. E, por que não dizer, também em termos de “talentos natos”?.

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