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A persistente incapacidade de pensamento crítico


Vinícius André de Oliveira

                A maior preocupação dos tempos atuais deveria ser a atenção ao sistema regular de ensino, principalmente, na educação básica. Devido a tudo o que aconteceu no ano de 2020 e que perdura no ano de 2021 deixamos de lado muitas coisas importantes e que não poderiam ser negligenciadas. Por conta da turbulência e das incertezas geradas, nos vimos incapacitados de tomar certas decisões e deixamos que os meios de comunicação e as opiniões alheias direcionassem nossas vidas de forma aleatória. O problema é que o tempo não volta mais.

                Acreditando que os cuidados e a prevenção contra o vírus deveriam ser prioridade total, de maneira niilista ignoramos outras áreas também muito importantes. Não minimizo o poder do vírus, mas não deveríamos abandonar todos os outros cuidados.

                Preocupados e cegos, descuidamos da convivência - com qualidade - com a família, deixamos de lado a fé e os costumes religiosos, de toda forma apoiamos medidas de impedimento ao convívio social, intensificou-se o costume do atendimento à vida alheia com o pretexto de cuidados com a saúde coletiva e assim os que não perderam a vida para o vírus acabaram perdendo a vida simplesmente por estarem impedidos de ter vida.

                Crianças não podem ir à escola. Restaurantes, parques, igrejas e comércio tiveram seus horários reduzidos e muitas vezes fechados por completo. Devemos conviver com o vírus talvez por muito tempo. Não seria necessário um olhar mais apurado sobre os diversos aspectos e estudar soluções para as outras áreas, que estão sendo deixadas de lado? Será que todo o resto também não é importante? Temos inteligência e capacidade de convívio em sociedade de maneira mais harmônica? Tudo tem de ser politizado?

                Independente do lado em que você esteja, deveria pensar no resultado que isso já está gerando: a incapacidade de pensar de maneira mais crítica. Sócrates, filósofo grego, dizia que o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro passo na busca da verdade. Não há esse reconhecimento na maioria das pessoas. Expressar toda a sua sabedoria nas redes sociais para tratar dos temas, atacando ou defendendo personalidades políticas, com português de primeiro ano, demonstra o nível em que as coisas são tratadas. E os filhos desses, que hoje não vão para a escola por conta de um vírus, amanhã por outro motivo? Ir para a escola já não é garantia de que aprenderão a interpretar textos, fazer cálculos ou escrever sequer um simples parágrafo de forma adequada e na norma culta. Não ir para a escola é sepultar de vez qualquer esperança de que isso aconteça. E crescerão com os precários exemplos dos pais. Devemos frisar que a educação dos pais está expressa nas redes conforme mencionei. Estarão, portanto, fadados a continuar na ignorância, na pobreza e sendo conduzidos por aqueles com mais massa encefálica e que buscaram, hoje, alternativas para fugir das armadilhas do mundo moderno e se desgarraram da manada.

                Portanto, proteja sua família e, principalmente, seus filhos das doenças, dos vírus e de tudo o que pode acometer a sua saúde. Mas, os proteja também do que pode amputá-los e deixá-los com sequelas por toda sua vida, que é a incapacidade de pensar, de resolver problemas, de interpretar não somente textos, mas questões da vida. Não deixem seus filhos passarem a vida inteira sem a capacidade de elaborar um argumento, uma opinião. Se você apresenta esse comportamento zoológico e não faz nada para mudar, pense agora. Tome atitudes diferentes e faça isso, ao menos, em consideração às gerações futuras. 

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