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A disparada dos preços agrícolas (II)


Argemiro Luís Brum

Este comportamento, embora excelente, se deve ao fato de que o câmbio continuou sobrevalorizando o Real, fato que tira renda do produtor nacional de soja. Em setembro de 2006 eram precisos R$ 2,35 para comprar um dólar. Neste final de fevereiro de 2008, é necessário tão somente R$ 1,68 para se adquirir o mesmo dólar. Isto significa uma valorização do Real de 28,5% em 17 meses. Para se ter uma idéia do estrago que isto causa no bolso do produtor rural exportador de soja, caso o câmbio permanecesse em R$ 2,35, o saco de soja no balcão, neste momento, estaria valendo, mantidas iguais todas as demais variáveis, R$ 64,30, ou seja, quase 40% acima do valor atualmente praticado na média gaúcha. Isto explica porque, em Reais, a soja no balcão ainda não bateu seu recorde histórico, atingido em 2004 quando o produto chegou a ultrapassar os R$ 50,00/saco em alguns momentos. A questão passa a ser agora o futuro deste mercado. O sentimento que se tem, e já vem de algum tempo, é de que Chicago está no limite, tendo mesmo o ultrapassado. A chegada da safra sul-americana, embora com certa quebra devido à seca, se somará ao anúncio de um aumento de área a ser plantada nos EUA (intenção de plantio a ser anunciada em 31/03). As primeiras cifras avançadas dão conta de um aumento em até 11,4% o que recuperaria grande parte da área deixada ao milho no ano anterior. Ao mesmo tempo, a economia dos EUA estagna, podendo puxar parte da economia mundial, fato que reduz o consumo geral. Por outro lado, o uso do biocombustível, a estes preços agrícolas, continua economicamente inviável, mesmo a um petróleo ao redor dos US$ 100,00. Enfim, a inflação mundial vem crescendo, obrigando os países a adotarem medidas de controle. Ou seja, um recuo nos preços agrícolas estaria cada vez mais próximo!

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