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A desconcentração de renda


Argemiro Luís Brum

O Brasil sempre esteve na dianteira mundial quanto a ser um país de alta concentração de renda. Em 2002, por exemplo, estudo da FGV informa que éramos a quarta nação em concentração de renda do Planeta, apenas à frente da Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia. Na época, tínhamos 50 milhões de pessoas vivendo com renda inferior a R$ 80,00 por mês, ou seja, na condição de indigentes. Isto representava 29,3% da população de então. O estudo indica que enquanto 1% das famílias mais ricas consumia 15% da renda nacional, mais de 85 milhões de pessoas (a metade na nação então existente) consumia apenas 12% da referida renda. Estudos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2000, mostravam que a maior parte dos benefícios sociais se destinava às classes média e alta, justamente as que menos precisavam dos mesmos. E isto que o Brasil já havia conseguido debelar a inflação, um dos piores impostos que recai sobre a sociedade em geral e a população mais pobre em particular. Na oportunidade, a renda média dos mais ricos chegava a 150 vezes acima da renda média dos mais pobres. Neste período analisado, para cada dólar que os 10% mais pobres recebiam no Brasil, os 10% mais ricos recebiam 68 dólares. No Japão, país então com a menor concentração de renda no mundo, a relação era de um para 4,23. Tais números mostravam a dimensão do trabalho que precisava ser feito, na seqüência da estabilização econômica obtida a partir de 1994. Este trabalho, passa necessariamente pela recuperação do Estado como elemento articulador das questões sociais, a partir de reformas substanciais para deixá-lo eficiente. Estas reformas não vieram até o momento, atrasando a nossa capacidade de competição internacional e a possibilidade de ajustes internos.

Leia também A desconcentração de renda (II)

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