Mesmo assim, o governo de então lançou as bases para uma recuperação social, através de programas assistenciais. Tais programas foram mantidos e mesmo aprofundados pelo atual governo federal. Mesmo não sendo o melhor encaminhamento, pois não oferece uma porta de saída à pobreza, no médio prazo, deixando a população beneficiada sob um paternalismo estatal permanente, o fato é que momentaneamente o movimento tem dado resultados. Soma-se a isto o fato do governo, neste último ano, ter acelerado o acesso ao crédito às classes mais pobres. Como conseqüência, houve desconcentração de renda, com cerca de 20 milhões de brasileiros ingressando na classe C de consumo durante o ano passado, sendo que 12 milhões destes vieram das classes D e E. Hoje, 46% da população brasileira se concentram na classe C. Nota-se que 8 milhões de brasileiros empobreceram ao passarem das classes superiores para a classe C. O ideal seria elevar o máximo de pessoas às classes de consumo superiores, porém, um importante passo foi dado, sem dúvida. O problema que se coloca neste contexto está no fato de que tais melhorias sociais não vieram em razão de uma reestruturação do Estado, de maneira a permitir um processo sustentável, com a criação de empregos que mantenha esta população em níveis superiores sem o paternalismo estatal. Além disso, sendo o acesso ao crédito fácil um dos eixos centrais da melhoria, a falta de cultura social quanto ao endividamento, rapidamente inviabiliza o processo. Neste sentido, o país já está diante de uma pressão inflacionária que requer aumento de juros ou corte no crédito, ou ainda as duas coisas. Por outro lado, já se criou um quadro de inadimplência elevado que tende a inviabilizar a continuidade das melhorias e até levar novamente a uma queda na qualidade de vida deste segmento populacional.
