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Como controlar a lagarta-das-vagens e lagarta-das-folhas?

Leia sobre o manejo integrado da Spodoptera cosmioides (lagarta-das-vagens) e Spodoptera eridania (lagarta-das-folhas).


Foto: Nadia Borges

  As lagartas ocorrem em culturas como soja, arroz e algodão, sendo as mais comuns a Spodoptera cosmioides (lagarta-das-vagens) e Spodoptera eridania (lagarta-das-folhas), que se alimentam de vagens, grãos e folhas. Também podem atacar o milho, apesar da menor sobrevivência nessa cultura. 

Essas pragas possuem características que favorecem o seu ataque, como o ciclo de vida curto, alto potencial reprodutivo e diversidade de plantas hospedeiras.

 

Spodoptera eridania

Os adultos de S. eridania possuem cerca de 33 a 38 mm de envergadura, com asas cinzentas / marrons, com marcas pretas e marrons escuras com formatos irregulares. Os ovos são esféricos e esverdeados / amarelados, com aproximadamente 0,45 de diâmetro e 0,35 mm de altura, e são cobertos com as escamas do corpo da mariposa. Cada fêmea pode colocar cerca de 800 ovos durante o seu ciclo.

As lagartas spodoptera eridania, comuns em lavouras de soja e algodão, são marrons, com uma faixa lateral longitudinal esbranquiçada acima das pernas, interrompida por uma mancha escura no tórax, e podem atingir até 35 mm de comprimento. Possuem diversos triângulos negros ao longo do corpo. Geralmente se posicionam no baixeiro das plantas, e são mais ativas à noite. Após o período larval, passam para a fase de pupa no solo, com uma profundidade de 5 a 10 cm.

As lagartas consomem as folhas e vagens em leguminosas, já no algodão, atacam folhas e danificam os botões florais, flores e maçãs. Deixam as folhas com aparência esqueletizada, e podem afetar também órgãos reprodutivos. Como consequência, ocorre redução da qualidade do produto colhido. Ao final do ciclo das culturas, migram para outras plantas hospedeiras, como a corda-de-viola, favorecendo a sua proliferação e ataque em culturas seguintes. Geralmente as lagartas ficam na parte mais baixa das plantas e são mais ativas à noite.

Têm-se registrado alta densidade das lagartas, o que é atribuído ao uso inadequado de inseticidas (principalmente piretroides), que não são seletivos a predadores e parasitoides da lagarta, causando a eliminação dos inimigos naturais da praga.

 

Spodoptera cosmioides

As mariposas, de hábito noturno, possuem asas posteriores brancas e asas anteriores pardas, com desenhos em mosaico, e depositam os ovos em massa nas folhas baixas das plantas.

As lagartas possuem coloração e manchas variáveis. Podem ser cinza-claras, castanhas ou pretas (mais comum), e são mais vorazes do que a S. eridania. Possuem três listras alaranjadas ao longo do corpo com pontuações brancas. Essa lagarta tem maior potencial de desfolha e destruição das estruturas reprodutivas.


Foto: Adeney Bueno / Embrapa.

As pupas são inicialmente verde-claras, mas após as primeiras horas, se tornam castanho-claras, e vão escurecendo gradativamente. 

Na soja, perfuram folhas e vagens, já no algodão, perfuram botões florais e maçãs macias. Apesar de ter baixa sobrevivência em milho, essa praga já está presente em cultivos de milho transgênico Bt.

 

Culturas atacadas

As lagartas Spodoptera cosmioides e Spodoptera eridania são bastante polífagas (se alimentam de diversas espécies de plantas agrícolas e daninhas), o que dificulta bastante o seu controle. Já foram observadas infestações em amendoim, batata-doce, girassol, milho, soja, abacaxizeiro, alfafa, algodão, arroz, aveia, batata, berinjela, beterraba, cafeeiro, cebola, ervilha, eucalipto, feijão, fumo, macieira, milheto, pimentão, tomate, trigo etc.

Além das culturas citadas, as lagartas podem se alimentar de plantas daninhas como caruru ou corda-de-viola, se mantendo vivas durante a entressafra.

Na soja, a Spodoptera cosmioides consome quase o dobro da área foliar em comparação às outras lagartas.

 

Controle da lagarta-das-vagens

Monitoramento das lagartas

Para a soja, pode-se utilizar o pano-de-batida em uma fileira de plantas, fazendo dois panos-de-batida (1m²), durante o período mais fresco do dia (momento mais favorável às lagartas). O nível de controle é de:

  • Fase vegetativa: 20 lagartas / metro ou 30% de desfolha;
  • Fase reprodutiva: 10 lagartas / metro ou 15% de desfolha;
  • Presença das vagens: 10% de vagens atacadas.

No algodão, o monitoramento é feito em um ponto (com 10 plantas) a cada 2 hectares, realizando o controle quando houver entre 6 e 8% de plantas infestadas por lagartas maiores que 3 mm.

No milho, o monitoramento é feito através de análise visual, realizando o controle quando houver 20% de plantas atacadas com nota igual ou acima de 3, baseada na escala de Davis.

 

Controle biológico

O controle biológico das lagartas Spodoptera cosmioides e Spodoptera eridania pode ser feito com predadores, parasitoides, fungos e vírus entomopatogênicos. O percevejo Podisus nigrispinus pode predar as lagartas, e os fungos Beauveria bassiana, Metharizium anisopliae e Nomuraea sp. podem infectar o inseto, bem como o vírus Baculovirus.

Quanto aos parasitoides, podemos citar o Trichogramma spp., Telenomus spp., Campoletis sonorensis, Chelonussp., Trochospilus diatraeae. Podemos citar também o predador Doru luteipes.

Dessa forma deve-se adotar medidas que conservem a vida dessas espécies de inimigos naturais em áreas de produção agrícola. Ao usar inseticidas, optar por produtos seletivos.

 

Controle químico

Recomenda-se aplicar inseticidas para controlar as lagartas-das-vagens apenas se houver ataque em 10% ou mais das vagens, em média, ou desfolha acima de 30% antes da floração / 15% a partir da floração.

Devido ao surgimento de resistência, alguns produtores têm relatado a ineficácia das doses de alguns inseticidas para o controle da lagarta.

É importante evitar o uso de inseticidas piretroides para o controle das lagartas, pois podem ser tóxicos aos inimigos naturais das lagartas, o que pode piorar o problema a longo prazo.

O tratamento de sementes também pode ser bastante eficaz no controle inicial das lagartas.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

DOS SANTOS, Karen B. et al. Caracterização dos danos de Spodoptera eridania (Cramer) e Spodoptera cosmioides (Walker)(Lepidoptera: Noctuidae) a estruturas de algodoeiro. Neotropical Entomology, v. 39, n. 4, p. 626-631, 2010.

DOS SANTOS, Karen B. et al. Caracterização dos danos de Spodoptera eridania (Cramer) e Spodoptera cosmioides (Walker)(Lepidoptera: Noctuidae) a estruturas de algodoeiro. Neotropical Entomology, v. 39, n. 4, p. 626-631, 2010.

MOSCARDI et al. ARTRÓPODES QUE ATACAM AS FOLHAS DA SOJA. In: Embrapa Soja – Manejo Integrado de Insetos e outros Artrópodes-Praga, cap 4, 2013

SANTOS, K.B.; MENEGUIN, A.M.; NEVES, P.M.O.J. Biologia de Spodoptera eridania (Cramer) (Lepdoptera: Noctuidae) em diferentes hospedeiros. Neotropical Entomology, v. 34, p. 903-910, 2005.

TEODORO, A. V. et al. Spodoptera cosmioides (Walker) e Spodoptera eridania (Cramer)(Lepidoptera: Noctuidae): novas pragas de cultivos da Região Nordeste. Embrapa Soja-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2013.

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